CRISTO E REVESTIR-SE

Conduziram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar do crânio. Deram-lhe de beber vinho misturado com mirra, mas ele não o aceitou. Depois de o terem crucificado, repartiram as suas vestes, tirando à sorte sobre elas, para ver o que tocaria a cada um.” (Marcos 15,22ss)

Cada um dos quatro soldados que crucificaram nosso Senhor “ganharam” um pedaço de suas vestes para si mesmo. E Cristo deixou-os “vencer” desta forma, como Ele sabia que eles iriam fazer, como revelado em uma antiga profecia encontrada no Salmo 21/22: “repartiram entre si as minhas vestes, e lançaram sorte sobre a minha túnica” (cf. Salmo 21/22,18). Então, estes soldados acabam revestidos com as vestes de Cristo, e Ele os deixou fazer isso.

Por quê? Para que nós, que optamos por nos entregar a Ele, ao invés de “ganhar” d’Ele, possamos “revestir-nos” não apenas de Suas vestes, mas d’Ele, em Seu próprio corpo: porque “todos vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo” (Gálatas 3,27). No Batismo, Deus já não nos reveste (apenas) em “vestes de pele”, como Ele, com amor, fez por nós no Jardim logo depois de nossa queda (cf. Gênesis 3,21), quando experimentamos a vergonha pela primeira vez. Essas vestes eram apenas um “curativo” para nos ajudar a lidar com a vergonha, quando ainda não estávamos prontos para entregá-la a Deus para cura. Mas nosso novo “revestir-se” não é no velho Adão, mas em Cristo, Que está revestido não em vergonha, mas em “majestade” ou “beleza” (εὐπρέπειαν ἐνεδύσατο, в лЕпоту облечеся, cf. Salmo 92/93,1).

Hoje que Cristo revista-me de Sua maneira, e me faça bonito outra vez, com Ele mesmo. Que eu O abrace, como Ele me abraça e abraça a todos nós, com as mãos estendidas sobre a Cruz. “Lembra-Te de mim, Senhor, quando tiveres entrado no Teu Reino!” (cf. Lucas 23,42).

Versão brasileira: João Antunes

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