“… Pois quem guardar os preceitos da Lei, mas faltar em um só ponto, se tornará culpado de toda ela. Porque aquele que disse: ‘Não cometerás adultério’, disse também: ‘Não matarás’. Se, pois, matares, embora não tenhas cometido adultério, tornas-te transgressor da Lei. Falai, pois, de tal modo e de tal modo procedei, como se estivésseis para ser julgados pela Lei da liberdade. Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento (κατακαυχᾶται ἔλεος κρίσεως).” (Tiago 2,10-13)
A palavra “ἔλεος”, traduzida para o português como “misericórdia”, significa muito mais do que apenas “uma retenção do castigo”. É o transbordamento da bondade de Deus sobre nós e sobre o mundo inteiro; é Sua maneira de ser e fazer em nosso mundo, e de compartilhar-Se conosco. A misericórdia é uma “lei” não escrita da forma como Deus é, na liberdade de Seu Espírito, que está além das palavras, e “acima” da lei escrita de Deus, como seu propósito final. A misericórdia é a “lei” da liberdade, que também podemos abraçar e submeter-nos, em comunhão com Deus. É muitas vezes libertador e simples, abandonar estas ou aquelas demandas e expectativas com relação aos outros, e apenas deixar que Deus “tenha misericórdia”; deixá-l’O fazer à Sua maneira. Também é mais fácil ver e comunicar aos outros, como gostaríamos de seguir em frente, quando a misericórdia de Deus varreu a raiva e a frustração de nossos corações.
Hoje que eu seja um vaso da misericórdia de Deus neste mundo, passando-a adiante para os outros, como o meu próprio modo de ser e fazer com os outros. Senhor, faça à Vossa maneira hoje, nos pequenos ou grandes aborrecimentos que possam surgir no meu dia. Socorrei-nos, salvai-nos, tende piedade de nós, e conservai-nos, Ó Deus, pela Vossa graça!
Versão brasileira: João Antunes
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