UM “SACRIFÍCIO DE LOUVOR”

… minha é a terra e tudo o que ela contém. Porventura preciso comer carne de touros, ou beber sangue de cabrito? Oferece, antes, a Deus (Θῦσον τῷ Θεῷ) um sacrifício de louvor (θυσίαν αἰνέσεως) e cumpre teus votos para com o Altíssimo… Honra-me quem oferece um sacrifício de louvor (θυσία αἰνέσεως); ao que procede retamente, a este eu mostrarei a salvação de Deus.” (Salmo 49,12b-14.23)

Deus não “precisa” de nenhuma das nossas “coisas”, as quais podemos pensar em “sacrificar” ou oferecer a Ele, porque o mundo inteiro já é d’Ele. “Minha é a terra”, Ele nos recorda neste Salmo, “e tudo o que ela contém”. O que Ele está nos ensinando, ao permitir as várias “oferendas” no Antigo Testamento, é a auto-oferta. Este é todo o “ponto” da Lei, e foi cumprido no único, e derradeiro, auto-oferecimento do Filho unigênito de Deus.

Ao longo da História da Salvação, Deus quer libertar-nos da “escravidão do eu”; para nos ajudar a romper com o isolamento egocêntrico, para que possamos ir além de nós mesmos e viver a vida como estávamos destinados, em comunhão com Ele e com os outros. Ele quer que abandonemos o nosso interminável: “Sim, mas…” que tantas vezes nos bloqueia de aceitar a graça de Deus, ao invés de abraçar a gratidão, a humildade, a aceitação, e até mesmo o “louvor”. Este “sacrifício de louvor” é como uma vela: quando nos permitimos “queimar” com o louvor de Deus, o nosso “eu” (como a cera da vela) vai diminuindo, e ainda assim vai aumentando, multiplicando e transfigurando em calor e luz para além de nós mesmos, pela graça de Deus. Talvez para muitos de nós, como Leonard Cohen, “é um frio e sofrido Aleluia”¹, mas que está gradualmente a ser curado e ajudado, na longa aventura de uma vida que é a nossa jornada carregando a cruz. Então que eu abandone os meus “Sim, mas…”, e louve a Deus um pouco hoje. Graças a Deus por tudo! Слава Богу за всё!

¹ referência à canção “Hallelluja”

Versão brasileira: João Antunes

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