“QUE A GRAÇA… ESTEJAM COM TODOS VÓS” versus “O SENHOR ESTEJA CONVOSCO”

Sacerdote/Bispo: “Que” a graça de “Nosso” Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus “Pai” e a comunhão do Espírito Santo estejam (εἴη) com todos vós.
Povo/Coral: E com teu espírito.
(Início da Anáfora, Divina Liturgia)

A “Anáfora” bizantina, ou a Oração Eucarística central, começa com esta “Saudação de Abertura” trinitária do celebrante principal, que é uma versão ligeiramente explicada da saudação apostólica de São Paulo em 2 Coríntios 13,14. (As partes “explicadas” de nossa saudação litúrgica, em comparação com a saudação de São Paulo, estão colocadas entre aspas acima). Nossa saudação litúrgica, em comparação com São Paulo, é formulada no sentido optativo, inserindo a palavra “εἴη”, significando “(que) esteja” com todos vocês. Portanto, neste diálogo, estamos dizendo, em primeiro lugar, que é no e pelo Espírito “apostólico”, o Espírito Santo, que rezamos para que a liturgia seja oferecida. E expressamos o desejo orante de que seja assim, tanto nós como o nosso sacerdote/bispo, de fato, “que” a graça de Deus esteja conosco, pelo Seu “Espírito”. Porque a graça, embora dada abundantemente para e na Igreja, nunca é forçada sobre seus membros individuais, se optarem por bloqueá-la por qualquer motivo.

A forma bizantina da Saudação de Abertura é diferente de outra, igualmente antiga “proto-fórmula”, tradicional ao Rito Romano: “O Senhor esteja convosco” ou “Dominus vobiscum”. As duas Saudações de Abertura são diferentes no significado? Não, essencialmente não. O próprio Senhor nos promete: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mateus 28,20b), e “onde dois ou três estão reunidos em meu nome, ai estou eu no meio deles” (Mateus 18,20), — e entendemos a Presença de Cristo também como a Presença de Seu Pai e do Espírito Santo. Mas a formulação bizantina da Saudação de Abertura é mais precisa teologicamente, porque a forma como a Presença de Deus se manifesta em nós e trabalha em nós, é por nosso abraçar de (ou seja, a nossa recepção e participação em) Sua “graça” ou Suas energias incriadas. Na Tradição bizantina, não dizemos que Deus está em nós e em todas as coisas em Sua “essência”, porque isso nos tornaria panteístas; então tudo e todos seríamos Deus. Dizemos, em vez disso, que é a “graça” de Deus ou as energias incriadas que nos dão vida, e também “a vida abundantemente”, na medida em que estamos abertos a Ele. Estou refletindo sobre isso, porque este é o tema do próximo vídeo de nosso curso on-line sobre a Divina Liturgia… Que a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos nós hoje. Amém!

Versão brasileira: João Antunes

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