“Quanto ao justo, mesmo que morra antes da idade, gozará de repouso. A honra da velhice não provém de uma longa vida, e não se mede pelo número dos anos. Mas é a sabedoria que faz as vezes dos cabelos brancos; é uma vida pura que se tem em conta de velhice.” (Sabedoria de Salomão 4,7ss)
Os “jovens” adultos de hoje, conhecidos como “Millennials” (definido por um dicionário on-line como as “pessoas que alcançam a jovem idade adulta no início do séc. XXI”), muitas vezes, embora nem sempre, recebem censuras de nós companheiros de mais idade. Eles são, no que diz respeito ao estereótipo negativo, autointitulados narcisistas, excessivamente dependentes de seus pais, retardando a “idade adulta” com relação ao casamento ou ao iniciar uma carreira, e se concentraram mais na “imagem” e na mídia social do que no trabalho árduo e na responsabilidade pessoal. Além dos problemas óbvios com qualquer estereótipo, a passagem citada acima extraída do livro da Sabedoria, bem como a minha própria experiência, me alertam contra o “etarismo” (ou seja, o “preconceito ou discriminação em razão da idade de uma pessoa” — de acordo com o mesmo dicionário on-line) com respeito aos nossos “jovens” adultos.
Percebo que não posso fazer justiça ao tópico complexo neste post breve, mas permita-me dizer algumas palavras em defesa dos Millennials, pelo menos daqueles que compuseram a maioria da “equipe técnica” que trabalhou para mim na “sede do Coffee with Sister Vassa” ao longo dos últimos anos. É verdade que eles não são escravos do “trabalho”, como talvez nós ou nossos pais foram, — mas eles também não costumam sofrer as consequências do “Burnout”, como sofreram muitos de nós no passado. Os Millennials, frequentemente sobrecarregados com os custos do estudo universitário, e com a cultura cada vez mais desorientadora da Era do Internet e de uma economia globalizada, que os faz mudar de um lugar para outro (virtual e literalmente), tendem frequentemente a desistir da ambição puramente materialista, e estão, portanto, famintos e “maduros” para algo “mais”, além do “sucesso” oferecido em nosso tempo e espaço. E é verdade que muitos deles parecem optar por “retardar” o casamento, mas fazem isso em nosso mundo globalizado, em que a socialização/encontro com alguém com o mesmo pensamento e/ou o “parceiro” adequado é mais difícil, na era do Tinder, quando muitos deles têm resistido com mais “cabelos brancos” de “sabedoria” a respeito das consequências do chamado sexo “casual”. Mas, na verdade, uma pesquisa sociológica de 2016 mostra que a geração dos “Millennials” está “praticando menos sexo do que qualquer geração antes dela”. E embora eu não presuma saber o que esses dados vão “significar” para os Millennials e o casamento ao longo prazo, isso certamente não exclui a possibilidade de que eles estão sendo mais cuidadosos e exigentes sobre o casamento, que, para a geração precedente das pessoas casadas em países ocidentais, termina em divórcio em 42-50% das vezes.
Senhor, ajuda-nos a aprendermos uns com os outros, e encorajarmo-nos uns aos outros, quaisquer que sejam os benefícios ou déficits de nossa faixa etária. Pois “a honra da velhice não provém de uma longa vida, e não se mede pelo número dos anos”.
Versão brasileira: João Antunes
© 2019, Sr. Vassa Larin
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