SER CHAMADO “CRISTÃO” versus SER CHAMADO “ORTODOXO”

Pedi [vós] em meu favor… para que eu não só me diga cristão, mas de fato seja encontrado como tal.” (Epístola de Santo Inácio de Antioquia aos Romanos 3)

Hoje, quando aqueles no Calendário Juliano Revisado celebram a Transladação das Relíquias de Santo Inácio de Antioquia (+ 107 AD), estou me afastando de minhas reflexões habituais sobre passagens das Escrituras, e estou refletindo sobre as palavras deste Padre Apostólico ao invés disso. É notável que, como bispo da cidade de Antioquia, onde os discípulos de Cristo “pela primeira vez, foram chamados pelo nome de cristãos” (Atos dos Apóstolos 11,26), Santo Inácio sente que precisa de orações, para que ele “não só se diga cristão, mas de fato seja encontrado como tal”. Ele não sente o direito de ser chamado pelo nome de “cristão”, mesmo sendo bispo de Antioquia, — e mesmo sendo, ele diz em outro lugar, em sua Epístola aos Magnésios, que “quem usar outro nome fora desse [outro que o de “Cristianismo”] não é de Deus” (Epístola aos Magnésios 10,1).

Hoje, na minha Igreja, parecemos ser identificados, e nos identificamos, como “Ortodoxos”, em vez de “meramente” como “cristãos”. E as razões para isso são compreensíveis, porque em nossa “política de identidade” sentimos a necessidade de nos distinguir não principalmente dos não-cristãos, mas de “outros” cristãos, que não são “Ortodoxos”. Mas sou recordado hoje, conforme releio as Epístolas de Santo Inácio, que me esforço em primeiro lugar e acima de tudo para ser identificado como um “cristão”, e para compartilhar um Nome com Aquele especificamente chamado de “Cristo”, não obstante qualquer “outro”, que também trabalhe, viva e se identifique com este Nome. Como o Senhor nos ordena, não posso “proibir” tal pessoa de usar o santo Nome de Cristo, nem eu mesmo posso evitar Seu santo Nome, como ele se tivesse se tornado “contra nós” por ser usado por “outros”. E refiro-me ao que Cristo diz aos Seus discípulos sobre aquele que estava expulsando demônios em Seu nome, sem segui-los: “não lho proibais, porque não há ninguém que faça um prodígio em meu nome e em seguida possa falar mal de mim. Pois quem não é contra nós, é a nosso favor” (Marcos 9,39s). Senhor, glória a Ti!

Versão brasileira: João Antunes

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