QUANDO SEMEAMOS A DISCÓRDIA

Mas vós, caríssimos, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam: ‘No fim dos tempos virão impostores, que viverão segundo as suas ímpias paixões; homens que semeiam a discórdia, homens sensuais que não têm o Espírito’. Mas vós, caríssimos, edificai-vos mutuamente sobre o fundamento da vossa santíssima fé. Orai no Espírito Santo. Conservai-vos no amor de Deus, aguardando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna. Para com uns exercei a vossa misericórdia, repreendendo-os, e salvai-os, arrebatando-os do fogo. Dos demais tende compaixão, repassada de temor, detestando até a túnica manchada pela carne.” (Judas 1,17-23)

Existem pessoas problemáticas, “que não têm o Espírito” e “que semeiam a discórdia”, tanto dentro de nossas comunidades imediatas quanto fora delas, como podemos nos sentir incomodados ao ouvir todos os dias nos noticiários. Mas o Apóstolo São Judas está falando sobre aqueles de “dentro” de nosso entorno imediato, “que semeiam a discórdia”. Porque os “de fora” realmente costumam nos unir mais, como um inimigo em comum, ao invés de “semear a discórdia” entre nós, não é?

Quem são aqueles entre “nós”, que semeiam a discórdia, e como lidamos com eles? Agora não consigo pensar em alguém especificamente, exceto em mim mesmo. Sou uma dessas pessoas, pelo menos ocasionalmente, que sempre diz a coisa errada, ou a coisa desnecessária ou egoísta, para os entes queridos mais próximos, para o “nós” do qual faço parte. Semeio a “discórdia”, dentro e entre “nós”, quando minhas palavras causam uma divisão entre o amor que “nós” fundamentalmente temos uns pelos outros, e a dor que minhas palavras infligem nesse amor. E porque, muitas vezes, imediatamente lamento ter sido “essa pessoa”, que “semeou a discórdia”, ao dizer a coisa “errada” e por querer “consertar”, mas não saber como fazer isso, sou grato pelas instruções do Apóstolo sobre como lidar com esta situação. Ele diz que nós temos, em primeiro lugar, que “edificar sobre o fundamento da nossa santíssima fé”, e “orar no Espírito Santo” e “conservar o amor de Deus, aguardando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna”. Em “alguns” casos iremos ter “compaixão” para conosco, porque alguns pedaços de nossa língua não são malévolos, enquanto que com “outros” precisamos ser mais rigorosos, por meio de algum “temor” produtivo, porque já seguimos por um caminho que está errado.

Então que eu avance hoje e “edifique sobre o fundamento da nossa santíssima fé”, se sou confrontado com qualquer confusão resultante de minhas palavras causadoras de discórdia, de acordo com as instruções de São Judas. (Ele, a propósito, é o padroeiro das causas desesperadas.) Que eu “ore no Espírito Santo” e conserve o amor de Deus, “aguardando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo”, tanto para comigo quanto para os demais, “para a vida eterna”. Amém!

Versão brasileira: João Antunes

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