“Chegada que foi a hora, Jesus pôs-se à mesa, e com ele os apóstolos. Disse-lhes: ‘Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer. Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus’. Pegando o cálice, deu graças e disse: ‘Tomai este cálice e distribuí-o entre vós. Pois vos digo: já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus’. Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: ‘Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim’. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: ‘Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós… Entretanto, eis que a mão de quem me trai está à mesa comigo’.” (Lucas 22,14-21)
Nesta Grande e Santa Quinta-feira, o Senhor fala-nos sobre dois tipos de comer e beber: um tipo, até que “venha o Reino de Deus”, e outro tipo, depois do Reino de Deus vir. Como Ele diz: “não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus” e “já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus”.
Cristo inaugurou o segundo tipo, o tipo “escatológico” de comer e beber já aqui, quando Ele comeu (e bebeu) com Seus apóstolos durante os 40 dias após Sua ressurreição (Atos 1,4), — porque Sua Presença física, pós-ressurreição, entre nós inaugurou a Nova Vida do Reino em nosso aqui e agora. E um pouco mais tarde, no 50º dia após Sua ressurreição (Pentecostes), quando o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos, nosso “comer e beber” na celebração da Eucaristia pela Igreja, pelas mãos dos apóstolos e seus sucessores, se torna transfiguradora para nós, pelo poder do Espírito Santo.
Mas o mandamento do Senhor, quando Ele nos dá o “cálice” e diz: “distribuí-o entre vós”; e da mesma forma nos diz para “fazer isto” com o “pão”, que é partido e “dividido entre nós” na Era da Igreja, não é “não” problemático nesta época imperfeita, na qual estamos divididos na comunhão Eucarística, (mesmo dentro da Igreja Ortodoxa). É por isso que, no Cânon Pascal, São João de Damasco exclama: “Conceda que possamos ‘mais perfeitamente’ participar de Ti (δίδου ἡμῖν ‘ἐκτυπώτερον’ σοῦ μοτασχεῖν / подавай нам ‘истее’ Печепричащатися) no dia sem fim de Teu reino ”(Cânone Pascal, Ode 9). Assim, somos chamados a lutar por “mais”; por “mais perfeitamente” participar d’Ele, mesmo quando nós já tenhamos recebido uma comunhão tão íntima com Ele, na Eucaristia. Graças Te dou, Senhor, por sempre nos chamar para “mais”, de Tua nova vida, para que não nos tornemos complacentes no “comer” e “beber” que temos em Ti hoje.
Versão brasileira: João Antunes
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