“Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse: ‘Tenho sede’. Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados encheram de vinagre uma esponja e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lhe à boca. Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: ‘Tudo está consumado’. Inclinou a cabeça e rendeu o espírito.” (João 19,28ss)
Hoje, nesta Grande e Santa Sexta-feira, digo com o Senhor: “Tenho sede”. Porque está tudo bem, e mais do que bem, admitir que “temos sede”, desde que o Deus-Homem demonstrou para nós o que significa ser perfeitamente humano e disse: “Tenho sede” — pouco antes de Lhe ser servido o horrível “vinagre”, e ter rendido Seu espírito.
Hoje “tenho sede”, porque no fundo sempre sei que Deus tem “mais” para me oferecer, da comunhão Consigo mesmo, da Nova Vida para a qual o Seu Filho está calçando o Caminho hoje, pelo Caminho de Sua cruz. Eu nunca fico completamente “satisfeito”, seja qual for o outro ser humano que possa “me servir”, de seus recursos limitados e meramente humanos. Mesmo, parece-me, quando eu sinto alguma forma de prazer, como ver uma coisa ou pessoa querida ou bela, ou ouvir uma bela obra musical, há certa “tristeza” lá, ou “anseio”, por “mais”. Por quê? Porque Deus é a Fonte de toda a beleza e bondade, e Ele nos criou, ou compartilhou Seu “ser” conosco, para sermos “compartilhadores” ou “participantes” em Sua beleza e bondade. Portanto, temos inerentemente essa “sede” pela beleza e bondade perfeitas. Podemos desorientar esse desejo, quando perseguimos as falsas promessas dos substitutos de Deus ou ídolos, mas em seu estado “natural”, ou estado criado por Deus, esse desejo nos faz sempre ansiar por “mais” da unidade com Ele.
Hoje Cristo oferece para “curar” ou “redimir” o estado da minha “sede”, sentindo sede junto conosco, e convidando-nos a ter sede junto com Ele, da maneira que Deus pretendeu para nós, para a Nova Vida que somente Ele pode nos trazer. Graças Te dou, Senhor, por estares co-sedento e co-sofrendo com todos nós desde uma Cruz, colocada entre as cruzes de dois outros de nós — de um ladrão crente, “penitente”, e de outro, não crente, escarnecedor. Glória, ó Senhor, à Tua Paixão. Слава страстем Твоим, Господи.
Versão brasileira: João Antunes
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