REVESTIDO DE MAJESTADE

Havia um homem, por nome José, membro do conselho, homem reto e justo. Ele não havia concordado com a decisão dos outros nem com os atos deles. Originário de Arimateia, cidade da Judeia, esperava ele o Reino de Deus. Foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. Ele o desceu da cruz, envolveu-o em um pano de linho e colocou-o num sepulcro, escavado na rocha, onde ainda ninguém havia sido depositado. Era o dia da Preparação e já ia principiar o sábado. As mulheres, que tinham vindo com Jesus da Galileia, acompanharam José. Elas viram o túmulo e o modo como o corpo de Jesus ali fora depositado. Elas voltaram e prepararam aromas e bálsamos. No dia de sábado, observaram o preceito do repouso.” (Lucas 23,50-56)

O agora morto Corpo de nosso Senhor está duplamente revestido, “de linho”, e sepultado por um de nós, “um homem, por nome José”. Cristo permitiu que um de “nós” o vestisse, antes que Ele nos trouxesse a Nova Vida, e nova “veste”, quando Ele saiu do túmulo. Em Sua ressurreição, Ele deixou aquele “linho” para trás, como nosso Rei triunfante, agora “revestido de majestade”.

Conforme o Corpo de Nosso Senhor “descansa” no Sepulcro neste Grande e Santo Sábado, quando Sua Alma divina está descendo ao nosso inferno e trevas, para nos tirar de lá, estou refletindo sobre a “nova” veste batismal que recebemos no Santo Batismo. Este sacramento ou mistério, o Batismo, pelo qual participamos da morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, (sendo “enterrados” ou “imersos” na água batismal, e então emergindo dela, para a Nova Vida), é também a culminação do projeto salvífico de Deus para nos “re-vestir”, que começou logo depois da queda de Adão e Eva, quando Ele fez para eles “umas vestes de pele, e os vestiu” (Gênesis 3,21). Eles ficaram tão desconfortáveis em suas “peles” que, depois da Queda, “tomaram folhas de figueira, ataram-nas e fizeram tangas para si” (Gênesis 3,7). Mas as melhores “vestes de pele” que Deus fez para eles (porque aparentemente a primeira tentativa da humanidade no quesito de moda necessitava de intervenção divina), foram apenas um prenúncio da “pele” na qual nosso amoroso Deus pretendia “nos vestir”; em Sua própria “pele” — no corpo ressuscitado de Seu Filho. Como “todos que fomos batizados em Cristo, nos vestimos de Cristo” (cf. Gálatas 3,27), nossa veste batismal significa esta nova “pele”, a d’Ele próprio.

Mas recebemos esta nova veste, assim como todo o mistério do Batismo, através de um de nós, de um sacerdote, assim como Cristo foi vestido e enterrado por um de nós, “um homem, por nome José”. Porque, embora o poder da ressurreição e nossa “nova pele” não nos cheguem “de” qualquer ser humano, Cristo quis assim, que a salvação viesse a nós uns “através” dos outros, na Era da Igreja. Graças Te dou, Senhor, por nos deixar confortáveis novamente, em nossa própria pele, quando nos permitimos ser revestidos em Ti, em comunhão comTigo e uns com os outros.

Versão brasileira: João Antunes

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