A CRUZ DA AUTORIDADE ECLESIAL

Porque, ao que parece, Deus nos tem posto a nós, apóstolos, na última classe dos homens, por assim dizer sentenciados à morte, visto que fomos entregues em espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens. Nós, estultos por causa de Cristo; e vós, sábios em Cristo! Nós, fracos; e vós, fortes! Vós, honrados; e nós, desprezados! Até esta hora padecemos fome, sede e nudez. Somos esbofeteados, somos errantes, fatigamo-nos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Insultados, abençoamos; perseguidos, suportamos; caluniados, consolamos! Chegamos a ser como que o lixo do mundo, a escória de todos até agora… Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar, mas admoesto-vos como meus filhos muito amados. Com efeito, ainda que tivésseis dez mil mestres em Cristo, não tendes muitos pais; ora, fui eu que vos gerei em Cristo Jesus pelo Evangelho. Por isso, vos conjuro a que sejais meus imitadores.” (1 Coríntios 4,9-16)

As autoridades eclesiais frequentemente tem má reputação, não apenas fora da Igreja, mas também dentro dela. Independentemente das razões amplamente divulgadas para isso em nossos dias, o grande São Paulo nos conta como era, já em seu tempo, ser um líder da Igreja, como um dos apóstolos de Jesus Cristo: “ao que parece, Deus nos tem posto a nós, apóstolos, na última classe dos homens…”, escreve ele, “visto que fomos entregues em espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens”. Parece que, independentemente dos pontos fortes ou fracos de um líder da Igreja, seu ministério apostólico traz consigo o tipo de exposição que é mais infâmia do que fama. Talvez seja assim porque o “nível” é tão alto, em uma ocupação “modelada” a partir do exemplo do próprio Cristo. Como São Paulo diz mais adiante, em 1 Coríntios 11,1: “Tornai-vos meus imitadores, como eu sou de Cristo”.

Conforme aqueles de nós no Calendário Juliano Tradicional continuam com o Jejum dos Apóstolos, estou refletindo sobre esta “cruz” de nossos líderes da Igreja, que de fato são “expostos” de uma forma que seus rebanhos não são. Assim, oramos por eles “primeiro”, como nas comemorações do fim da Anáfora da Divina Liturgia: “Lembrai-Vos, Senhor, em primeiro lugar…” (I πρώτοις μνήσθητι, Κύριε… / В первых помяни, Господи …). Também estou refletindo sobre o apelo de São Paulo a todos nós, para humildemente compartilhar o “escândalo” desta Cruz, sempre que somos chamados a ser “expostos” como seguidores de Jesus Cristo. E isso significa que quando “insultados, abençoamos; perseguidos, suportamos; caluniados, consolamos”, e assim por diante. Santos Apóstolos, rogai a Deus por nós!

Versão brasileira: João Antunes

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