“CONSERTANDO” UMA PALAVRA NÃO SÁBIA

Paulo, fitando os olhos nos membros do conselho, disse: ‘Irmãos, eu tenho procedido diante de Deus com toda a boa consciência até o dia de hoje…’. Mas Ananias, sumo sacerdote, mandou aos que estavam ao seu lado que lhe batessem na boca. Então, Paulo lhe disse: ‘Deus te ferirá também a ti, hipócrita! Tu estás aí assentado para julgar-me segundo a Lei, e contra a Lei mandas que eu seja ferido?’ Os assistentes disseram: ‘Tu injurias o sumo sacerdote de Deus’. Respondeu Paulo: ‘Não sabia, irmãos, que é o sumo sacerdote, pois está escrito: Não falarás mal do príncipe do teu povo’.” (Atos 23,1-5)

Conforme aqueles de nós no Calendário Juliano Tradicional se preparam para celebrar a festa dos Santos Pedro e Paulo (amanhã), estou refletindo sobre este incidente, quando o grande São Paulo disse algo que ele não deveria. Mais especificamente, ele “injuria” alguém que ele não deveria, o sumo sacerdote, mas depois admite que ele não deveria ter dito aquilo. “Não sabia, irmãos, que ele era o sumo sacerdote”, diz o apóstolo, alegando ignorância. Mas, ouso dizer, acho difícil acreditar que São Paulo, “fariseu” e “filho de fariseus” (Atos 23,6), educado em Jerusalém sob a orientação de Gamaliel, uma autoridade líder no Sinédrio, verdadeiramente “não soubesse” quem era o sumo sacerdote, o presidente do Sinédrio. E esse sumo sacerdote em particular, Ananias, filho de Nedebaios, é descrito em fontes históricas como “um homem violento, arrogante, glutão e ganancioso”, e (fato curioso) acabou sendo assassinado pelo povo no início da Primeira Guerra Judaico-Romana, por ser conhecido como um amigo dos romanos. Acho que São Paulo deixou escapar alguma verdade, provocado como estava, mas, em seguida, lamentou essa abordagem. Como podemos ver mais adiante neste capítulo, o apóstolo decidiu, em vez disso, “jogar” os membros do sinédrio uns contra os outros e foi bem-sucedido em dividir toda a assembleia (Atos 23,6-10).

Seja como for com São Paulo, hoje oro buscando alguma sabedoria “apostólica”, para mudar minha abordagem depois de ter deixado escapar algo que eu não deveria. Que eu não hesite em admitir que eu não deveria ter dito aquilo e, em seguida, seguir em frente de uma forma mais construtiva. Santo Apóstolo Paulo, rogai a Deus por nós!

Versão brasileira: João Antunes

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