“… porque Deus que disse: ‘Das trevas brilhe a luz’, é também aquele que fez brilhar a sua luz em nossos corações, para que irradiássemos o conhecimento do esplendor de Deus, que se reflete na face de Cristo. Porém, temos este tesouro em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós. Em tudo somos oprimidos, mas não sucumbimos. Vivemos em completa penúria, mas não desesperamos.” (2 Coríntios 4,6ss)
Como seres humanos imperfeitos em um mundo imperfeito, às vezes encontramos “trevas”, tanto dentro quanto fora de nós mesmos. Mas como Igreja ou “ekklesia” (de “ekkaleo”, que significa “chamar”), como “aqueles chamados” por Deus a seguir Seu Filho, em comunhão com Ele, nós nunca estaremos totalmente sem luz, mesmo quando nos deparamos com as trevas. Porque nosso é um Deus que sabe lidar com as trevas. Ele não se esquiva disso, mas olha para ela e diz: “Das trevas brilhe a luz”. Ele é o Deus, como dito por G. K. Chesterton, “Que conhece o caminho para sair da sepultura”.
Então, hoje, mesmo que eu esteja “oprimido”, eu não sucumbo. Mesmo que eu esteja “em completa penúria” com relação a certas ambivalências da minha vida, seja nas minhas relações pessoais, na minha situação financeira ou na minha posição profissional, eu não me “desespero”. Porque não estou sozinho, nem dependo de meu próprio “poder”. Não. Eu tenho um “tesouro” e um “poder” oculto que posso usar, que “provém de Deus e não de nós”. Tenho uma centelha em mim, que recebi no Santo Batismo, e que nenhuma provação ou aflição humanas pode extinguir. Que eu alimente essa centelha hoje, por mais fraca ou menos latente que ela possa parecer, com um pouco de sincera oração a um Deus que não se afasta das minhas trevas. Ele sabe tudo sobre elas e sabe como lidar com elas. Então que eu faça isso, enquanto me abro a Ele, da maneira que eu puder, em minhas fracas pequenas orações. “Não quebrará o caniço rachado”, hoje sou recordado, “nem apagará a mecha que ainda fumega, até que faça triunfar a justiça” (Mateus 12,20).
Versão brasileira: João Antunes
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