“… pois atentou para a humildade da sua serva. De agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lucas 1,48)
Esta é uma declaração “humilde”, quero dizer, a parte sobre “de agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada”? Claro que é, porque a Mãe de Deus disse isso. Mas eu penso, principalmente por causa de nossos equívocos sobre a “humildade”, que se alguém mais fizesse menção à própria fama, quanto mais antecipasse a própria fama futura, “de agora em diante” em “todas as gerações”, provavelmente acharíamos tais palavras como “nada humildes”, pelo menos.
A “humildade”, entretanto, não significa ser cego aos nossos dons ou bênçãos, mas sim vê-los sob a luz apropriada, ou seja, como sendo dados por Deus e com sincera gratidão a Ele. De fato, dar uma olhada honesta em nossos “pontos fortes” e lados positivos, como dados por Deus, é um exercício saudável de gratidão, que é tão central, tão essencial, para nossa conexão ou comunhão com Deus. Embora também precisemos regularmente dar uma olhada honesta em nossos pontos fracos e deficiências, também precisamos permanecer gratos, e abençoar a Deus, por nossos próprios dons únicos, como, por exemplo, ter um bom senso de humor, ou um talento para organização, ou por tocar um instrumento musical, ou por ser um bom ouvinte, ou ser abençoado com um casamento amoroso, ou com um bom trabalho, ou com uma boa educação, ou simplesmente com boa aparência. Um reconhecimento e gratidão por esses dons, como “relacionados” a Deus, porque Ele os deu, nos inspira a servir a Ele e ao próximo através deles, para Sua maior glória.
Santíssima Theotokos, hoje, quando aqueles de nós no Calendário Juliano Tradicional celebram vossa Dormição, ajudai-me a ser “humilde”, também através dos meus dons e bênçãos, como fostes. Porque os vossos “dons”, como ser a Mãe d’O Crucificado, também foram a vossa “cruz”, como são os nossos. Santíssima Theotokos, salvai-nos!
Versão brasileira: João Antunes
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