Sacerdote (secretamente): “… Lembrando-nos, deste mandamento do Salvador, e de tudo o que se realizou por nós: a Cruz, o túmulo, a Ressurreição ao terceiro dia, a Ascensão ao céu, a entronização à direita do Pai, a segunda e gloriosa vinda…” (em voz alta): “O que é Vosso do que é Vosso (Τὰ σὰ ἐκ τῶν σῶν, Твоя от Твоих), nós Vos oferecemos, em tudo e por tudo.” (Oração Eucarística, Divina Liturgia de São João Crisóstomo)
Oferecemos a Deus o que é de Deus na Divina Liturgia, ao 1. Recordar “este mandamento do Salvador” (ou seja, “Tomai e comei, isto é o meu corpo…”, e “Bebei todos dele…”, proclamado pelo sacerdote pouco antes das palavras citadas acima) e 2. Recordar de “tudo o que se realizou por nós”, incluindo, surpreendentemente, a futura “segunda e gloriosa vinda”. Pela fé, a Igreja “vê” como Deus “vê”, além do espaço e do tempo, particularmente em Sua presença íntima conosco, e nossa presença a Ele, na Divina Liturgia.
Quem somos “nós” e o que “nós” estamos “oferecendo” (προσφέρομεν)? Ao dizer “nós”, estamos nos referindo antes de tudo ao próprio Cristo, em nosso meio, no meio da Igreja. Ele Se oferece a Si mesmo pelas mãos e pelos dons da Igreja celebrante. Porque Ele é “tanto Quem oferece quanto Quem é oferecido” (ὁ προσφέρων καὶ προσφερόμενος, como dito na Oração do Hino dos Querubins). Também oferecemos a nós mesmos, em resposta a Cristo Que Se oferece a Si mesmo, sempre que oferecemos a nós mesmos e nossas orações (nosso “sacrifício de louvor”) de todo o coração, com todos os nossos altos e baixos, em comunhão com Ele, para ser “consagrado” em e por Ele. É por isso que o sacerdote também orará (logo após as palavras citadas acima), para que o Espírito Santo seja enviado “sobre nós e sobre os dons aqui presentes”. Então — quando proclamamos que “oferecemos” a Deus o que é de Deus, “o que é Vosso do que é Vosso”, também estamos nos oferecendo a nós mesmos. Ele nos recebe, juntamente com nossos dons, e depois nos devolve a nós, e aos nossos dons para nós, consagrados e transfigurados no Espírito Santo. Graças Te dou, Senhor, por tudo isso! “É digno e justo adorar o Pai, o Filho e o Espírito Santo, Trindade consubstancial e indivisível”. Amém!
Versão brasileira: João Antunes
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