“Pela tua santa natividade, ó Pura,
Joaquim e Ana foram libertos do opróbrio da esterilidade (ὀνειδισμοῦ ἀτεκνίας)
e Adão e Eva, da corrupção da morte.
Teu povo, salvo da escravidão do pecado (ἐνοχῆς τῶν πταισμάτων)
te festeja, exclamando: a estéril dá a luz,
a mãe de Deus que alimenta nossa vida!”
(Kondakion da Natividade da Santa Mãe de Deus)
Os ofícios da grande festa da Natividade da Santa Mãe de Deus, celebrada neste domingo (Calendário Juliano Renovado), estão cheios de conceitos teológicos difíceis, como “corrupção da morte” e “escravidão (dever de responsabilidade) do pecado”, referentes ao nosso estado humano antes da vinda de Cristo. Ainda mais desconcertante, talvez, seja a menção a Cristo anulando nossa “maldição” em outro hino bem conhecido da festa: “[Cristo nosso Deus,] abolindo a maldição, nos deu a bênção, e destruindo a morte, deu-nos a vida eterna”, diz o Apolitikion. O que tudo isso significa?
É-me dado entender o significado desses termos, antes de mais nada, através de uma história. É a história pessoal dos santos Joaquim e Ana e seu “opróbrio da esterilidade” ou “falta de filhos”. E aqui está o que a história deles me ensina: Antes de Deus intervir e entrar em nosso quadro, eles, como eu, foram incapazes de “viver” em todo o seu potencial. Sem que a Fonte da Vida entre em nossa natureza, separada d’Ele por meio do “pecado” (perda de foco) e uma “maldição” (perda de “bênção” ou “ev-logia”, uma “boa palavra”), estamos afastados de Suas energias criativas, que nos permitem tornar-nos verdadeiramente frutíferos e verdadeiramente humanos. Ele Se torna humano, através de Sua Mãe Puríssima, para que eu possa me tornar meu verdadeiro eu, livre da paralisante “esterilidade” e capaz de dar à luz à Sua palavra em meu mundo. Então hoje “a estéril dá à luz”, quando Ele concede Sua bênção a uma Igreja Portadora de Deus. Que eu abrace esta bênção, pelas intercessões da Bem-aventurada entre as mulheres, amém!
Versão brasileira: João Antunes
© 2019, Sr. Vassa Larin
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