DEUS NÃO ESTÁ IRADO CONOSCO

E vós outros estáveis mortos (ὄντας νεκροὺς) por vossas faltas, pelos pecados que cometestes outrora seguindo o modo de viver deste mundo, do príncipe das potestades do ar, do espírito que agora atua nos rebeldes. Também nós todos éramos deste número quando outrora vivíamos nos desejos carnais, fazendo a vontade da carne e da concupiscência. Éramos como os outros, por natureza, verdadeiros objetos da ira (τέκνα φύσει ὀργῆς). Mas Deus, que é rico em misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em consequência de nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo (συνεζωοποίησεν τῷ Χριστῷ) – é por graça que fostes salvos!” (Efésios 2,1-5)

Aqui, São Paulo está nos falando sobre uma escolha que fizemos, não para sermos mortos “objetos da ira”, mas filhos do Deus vivo, “Que é rico em misericórdia” e que “pelo grande amor com que nos amou… deu-nos a vida juntamente com Cristo”.

No entanto, frequentemente associamos “ira” a Deus, como se isso definisse Sua atitude fundamental em relação a nós, Seus filhos. Pelo contrário, Deus “de tal modo amou o mundo”, que Ele nos enviou Seu Filho único (João 3,16), e Ele “deu-nos a vida juntamente com Cristo”, “impulsionado pelo grande amor com que nos amou”. Contudo, supomos que Ele tenha “problemas de ira” para conosco, os quais, supostamente, temos a tarefa de aplacar, em nossos esforços para “trazê-l’O para perto”. Mas essa noção nos traz morte, e não vida, porque é uma mentira que traz morte, e não uma verdade vivificante. Se concordarmos com essa noção, descobriremos que, por mais que tentemos, nunca seremos capazes de derrubar uma muralha invisível entre nós e esse falso “deus” que temos em nossas mentes, que se trancou em uma fortaleza de sua própria “ira”. Mas essa é apenas nossa projeção humana, sobre Deus, de nossos próprios “problemas” (por exemplo, problemas com os pais, problemas com ira, etc.).

Então, que eu pare de lutar contra Deus hoje, como um dos “rebeldes”, como se Ele fosse meu inimigo, hostil a me deixar “entrar”. Que eu O deixe “entrar”, na fortaleza que eu mesmo construí ao redor do meu coração. Que eu me entregue hoje e deixe Deus ser Ele próprio, em Seu “grande amor com que nos amou”, tornando-nos vivos para Ele, e mortos para nossa “ira” humana. Graças Te dou, Deus, por nos amar mais do que nós nos amamos. “Pai Nosso”, digo-Lhe hoje, de maneira muito simples, enquanto dedico um pouco de tempo à oração, porque, sem dúvida, eu posso.

Versão brasileira: João Antunes

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