“Agora, porém, graças a Jesus Cristo, vós que antes estáveis longe, vos tornastes presentes, pelo sangue de Cristo. Porque é ele a nossa paz, ele que de dois povos (τὰ ἀμφότερα) fez um só, destruindo o muro de inimizade que os separava, abolindo na própria carne a Lei, os preceitos e as prescrições. Desse modo, ele queria fazer em si mesmo dos dois povos uma única humanidade nova pelo restabelecimento da paz, e reconciliá-los ambos com Deus, reunidos num só corpo pela virtude da cruz, aniquilando nela a inimizade. Veio para anunciar a paz a vós que estáveis longe, e a paz também àqueles que estavam perto; porquanto é por ele que ambos temos acesso junto ao Pai num mesmo espírito. Consequentemente, já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus. É nele que todo edifício, harmonicamente disposto, se levanta até formar um templo santo no Senhor. É nele que também vós outros entrais conjuntamente, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna a habitação de Deus.” (Efésios 2,13-22)
É disto que se trata todo esse negócio chamado “salvação”. É sobre sermos feitos plenos novamente. Todos nós somos o precioso projeto de construção de Deus, “sendo edificados” gradualmente, e “reunidos” a partir da fragmentação em nós mesmos e entre nós, “num só corpo pela virtude da cruz”. Eu sei que isso é muito para absorver, tudo numa só frase, mas é disso que se trata: crescer na unidade do único Corpo de Cristo, através de Seu Caminho de carregar a cruz.
Que eu não fique atolado, nem desanimado, por quaisquer “muros de separação” que ainda não tenham sido abolidos em nossa “casa”. Por mais deficiente que eu seja hoje, sei a Quem pertenço, como membro, — não como hóspede ou peregrino, — à “família de Deus”. Esta manhã entrego-me a Ele, mais uma vez, entregando as minhas próprias exigências e expectativas meramente humanas em relação a mim mesmo, e deixo-me “ser edificado”, através dos altos e baixos das minhas responsabilidades, “pelo Espírito”, numa “habitação de Deus”. Seja feita a Tua vontade conosco hoje, Senhor, nossa paz.
Versão brasileira: João Antunes
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