“Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo (θυσίαν ζῶσαν), santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual (λογικὴν λατρείαν). Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos (μεταμορφοῦσθε) pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito.” (Romanos 12,1s)
O termo “sacrifício” é muitas vezes mal compreendido na teologia cristã em geral, e na teologia litúrgica em particular. Aqui São Paulo caracteriza não só a nossa liturgia (“logike latreia”, um termo que a tradição bizantina refere a Divina Liturgia), mas a vida cristã em geral, como sacrificial.
O que é “sacrifício” (literalmente significa “tornar sagrado”, de “sacro”, sagrado, e “facere”, fazer), propriamente entendido no sentido cristão? Não é, como muitos de nós tendemos a pensar, algo que nós, como seres humanos, iniciamos e depois dirigimos a Deus, que então o aceita (ou não). Não. O “sacrifício”, ou o “tornar sagrado”, de qualquer coisa é uma capacidade divina, iniciada e inspirada pelo amor generoso de Deus, Que “de tal modo amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3,16). O “sacrifício” começa na entrega amorosa do Pai, de Seu Filho a nós, e na “resposta” ou “obediência” do Filho à vontade de Seu Pai, no Espírito que repousou sobre Ele, e consequentemente derrama abundantemente Sua graça sobre nós, como quer o Espírito. É pela Sua graça, ou “pelas misericórdias de Deus”, e não por nós mesmos, que participamos deste amor “sacrificial” e da vida da Santíssima Trindade. Fazemo-lo quando nos oferecemos à comunhão com Ele, respondendo ao amor de Deus com amor, e assim nos deixamos “transformar”.
Por isso, que eu me transforme hoje, um pouco mais, da minha desconfiança meramente humana e do medo do amor de Deus, para me entregar a Ele, em Sua graça, enquanto todos nós nos dirigimos a Belém! Feliz fim de semana, a todos!
Versão brasileira: João Antunes
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