“Disse [Jesus] também: ‘Um homem tinha dois filhos. O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca. O pai então repartiu entre eles os haveres. Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente. Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria. Foi pôr-se a serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Entrou então em si (εἰς ἑαυτὸν δὲ ἐλθὼν) e refletiu: Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância… e eu, aqui, estou a morrer de fome! Vou me levantar e irei a meu pai, e lhe direi: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados. Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, o abraçou e o beijou’.” (Lucas 15,11-20)
O filho pródigo teve primeiro que cair “em si”, antes de poder ir “para casa” para a sua família. Antes, ele havia perdido o contato com o seu “eu”, enquanto vivia imprudentemente. Ele havia perdido o contato com o eu que Deus o chamava para ser, de acordo com sua “vocação”. Enquanto ele era atirado de um lado para o outro por “outros” apelos, não o de Deus, o filho pródigo não tinha verdadeira identidade, e vivia em algum “país muito distante” que não era o seu lugar.
Enquanto continuamos a preparar-nos para a Quaresma, o período de renovação, que eu não hesite em vir ao meu “eu”, e olhar para quaisquer motivações ou ambições que possam estar a atirar-me de um lado para o outro, fazendo-me “errar o alvo” ao qual Deus me chama. E que eu não tenha medo de ir “para casa”, onde eu sempre tenho um lar, e sou aceito como o meu “eu” é, com defeitos e tudo, no abraço de Deus. Pai Nosso, Que estais no céu, perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. Amén!
Versão brasileira: João Antunes
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