AMOR AO PODER

Senhor e Mestre de minha vida, afasta de mim o espírito de preguiça (ἀργίας), de abatimento (περιεργίας), de domínio (φιλαρχίας), de loquacidade (ἀργολογίας)” (1ª parte da Oração Quaresmal de Santo Efrén, o Sírio)

Não é saudável ter “amor” ao poder ou à autoridade sobre o próximo, embora seja vital que algumas pessoas a exerçam, como uma vocação dada por Deus, — seja como pais, seja como líderes políticos, militares ou religiosos, seja como professores, seja como gerentes ou executivos. Como São Paulo nos recorda, “não há autoridade que não venha de Deus; as que existem foram instituídas por Deus” (Romanos 13,1). A respons-abilidade (ou “capacidade de resposta” ao chamado/vocação) do poder é humilhante e muitas vezes dolorosa, por exemplo, quando se deve agir como o “progenitor” de uma criança mal comportada enquanto se quer ser um “amigo” dela; ou quando um professor deve dar a um aluno uma nota baixa; ou quando um líder político deve implementar uma política impopular; ou quando um gerente deve fazer críticas contra um funcionário, ou mesmo despedí-lo. No entanto, evitar ou ter “amor” por essa responsabilidade seria egocêntrico e “pecaminoso”, ou seja, “erraria o alvo” do serviço, voltado ao próximo, dado por Deus.

Hoje, nesta segunda terça-feira da Quaresma, que eu ore por aqueles que ocupam posições de autoridade, e também não me afaste eu mesmo dela, nas formas em que eu possa ser chamado a exercê-la. Deus nos humilha, ao compartilhar conosco seu poder e autoridade de várias maneiras, para que possamos ter um pequeno vislumbre da cruz que Ele carrega em amar, sendo Pai, disciplinando e nos guiando, em Sua voluntária, e às vezes “impopular”, autoridade. Hoje que eu ame a Ti, Senhor, e a Teu poder, em vez de qualquer “poder” egocêntrico, separado do Teu Espírito de oferta voluntária. “Porque Teu”, e não nosso, “é o reino e o poder e a glória, para sempre”. Amén!

Versão brasileira: João Antunes

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