“Os cegos e os coxos vieram a ele no templo e ele os curou, com grande indignação dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas que assistiam a seus milagres e ouviam os meninos gritarem no templo: ‘Hosana ao filho de Davi!’. Disseram-lhe eles: ‘Ouves o que dizem eles?’. ‘Perfeitamente’, respondeu-lhes Jesus. ‘Nunca lestes estas palavras: Da boca dos meninos e das crianças de peito tirastes o vosso louvor?’. Depois os deixou e saiu da cidade para hospedar-se em Betânia. De manhã, voltando à cidade, teve fome. Vendo uma figueira à beira do caminho, aproximou-se dela, mas só achou nela folhas; e disse-lhe: ‘Jamais nasça fruto de ti!’. E imediatamente a figueira secou.” (Mateus 21,14-19a)
Um dia depois de Sua entrada triunfante em Jerusalém, e depois de curar “os cegos e os coxos” no templo, o Senhor amaldiçoa uma árvore, para que dela “jamais nasça fruto”. É por isso que a maldição da árvore é tematizada em nossos ofícios eclesiásticos de hoje, na Grande e Santa Segunda-feira.
Por que é que nosso misericordioso Senhor “castiga” uma árvore? A leitura do Synaxarion nas Matinas de hoje oferece a seguinte explicação: O Deus-Homem demonstra que Ele tem, de fato, o poder não só de curar e dar vida, mas também de castigar e tirar a vida. Para que não pensemos, quando O vemos ser conduzido à cruz, aparentemente impotente, que Ele não poderia ter posto fim a todo esse negócio. Mas, em Sua misericórdia, Cristo demonstra Seu poder punitivo não sobre nós, não sobre os seres humanos “infrutíferos” que estavam prestes a levá-l’O à morte, mas sobre uma “árvore”. Porque foi através de uma “árvore” e de seus frutos que fomos atraídos para o nosso estado pecaminoso e “infrutífero” em primeiro lugar, e foi pelas “folhas” de uma árvore que nos sentimos obrigados a cobrir nossa nudez (Gênesis 3). Agora nosso Senhor amaldiçoa essa “árvore”, símbolo daquela que nos levou ao nosso desaparecimento no jardim, antes que Ele proceda a tomar outra “árvore”, Sua Cruz, que será para nós uma nova Árvore da Vida. Ele está mostrando-nos, por outras palavras, que Ele está “derrotando” e também transfigurando, para nós, os temíveis instrumentos do pecado, inicialmente utilizados pelo diabo, para que não os temamos mais.
Graças Te dou, Senhor, por tudo o que fazes por nós, enquanto caminhas em direção à Tua paixão ao longo desta Grande e Santa Semana. “Eis que o Esposo vem à meia-noite, e bendito é o servo que Ele encontrar vigiando”.
Versão brasileira: João Antunes
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