ARGUMENTOS SOBRE FÉ

Murmuravam então dele os judeus, porque dissera: ‘Eu sou o pão que desceu do céu’. E perguntavam: ‘Porventura não é ele Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu?’. Respondeu-lhes Jesus: ‘Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu hei de ressuscitá-lo no último dia. Está escrito nos profetas: Todos serão ensinados por Deus. Assim, todo aquele que ouviu o Pai e foi por ele instruído vem a mim.” (João 6,41-45)

Pode parecer que Nosso Senhor está falando do “passado” destas pessoas, e não respondendo às suas preocupações. Estão dizendo, “conhecemos” o Seu “pai e mãe”, — então como poderia Ele ter “descido do céu”, quando eles “sabem” que Ele tem pais, e eles são esta gente simples ao final da rua?! Cristo não diz: Vejam bem, foi um parto virginal, na verdade, e José não é realmente o Meu pai, e assim por diante. O que Cristo lhes diz é mais sutil: 1. não “murmurar” entre si, como murmurar “entre nós”, em discussões meramente humanas sobre a fé, não é, em última análise, O Caminho para o conhecimento da sabedoria de Deus, pois 2. O Caminho para “vir” à sabedoria de Deus é pavimentado pelo (a graça do) próprio Deus, pelo Seu verdadeiro Pai, “Que O enviou”.

Portanto, hoje, se me encontro envolvido em discussões ou argumentos sobre fé, que normalmente se concentram no que “nós sabemos” ou “não sabemos” (ou “não podemos saber”, segundo a convicção dos meus amigos agnósticos), que eu ouça Cristo dizer-nos: “Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair”. Não estou dizendo que não podemos, ou não devemos, defender nossa fé, ou dar testemunho dela, quando somos desafiados ou questionados a esse respeito. Mas estou dizendo que, mesmo quando o fazemos, precisamos ter sempre em mente que, em última análise, é a graça de Deus, e não qualquer discussão meramente humana, que tem o poder de obrigar qualquer pessoa a “vir” a Cristo. Portanto, que eu sempre deixe espaço para a graça de Deus, em qualquer discussão sobre fé, e não exagere falsamente o suposto “poder” daquilo que nós “conhecemos”. Porque, mesmo fazendo o que podemos — em última análise, como diz Cristo — “todos serão ensinados por Deus”. Glória a Ele.

Versão brasileira: João Antunes

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