A MULHER SAMARITANA

Veio uma mulher da Samaria tirar água. Pediu-lhe Jesus: ‘Dá-me de beber’. (Pois os discípulos tinham ido à cidade comprar mantimentos.) Aquela samaritana lhe disse: ‘Sendo tu judeu, como pedes de beber a mim, que sou samaritana!…’. (Pois os judeus não se comunicavam com os samaritanos.) Respondeu-lhe Jesus: ‘Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva’. A mulher lhe replicou: ‘Senhor, não tens com que tirá-la, e o poço é fundo… donde tens, pois, essa água viva? És, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu e também os seus filhos e os seus rebanhos?’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede, mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna’. A mulher suplicou: ‘Senhor, dá-me desta água, para eu já não ter sede nem vir aqui tirá-la!’. Disse-lhe Jesus: ‘Vai, chama teu marido e volta cá’. A mulher respondeu: ‘Não tenho marido’. Disse Jesus: ‘Tens razão em dizer que não tens marido. Tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu. Nisso disseste a verdade’.” (João 4,7-18)

Com esta conversa única tête-à-tête celebrada em nossas igrejas neste último domingo, o da Mulher Samaritana, nosso Senhor Jesus Cristo tomou algum tempo em meio ao Seu dia para honrar uma mulher que não só era solteira (e não “castamente”), como também divorciada (não uma, não duas…, mas cinco vezes). E através desta conversa, transmitida em detalhes no Evangelho de João, Ele continua a falar e a oferecer “água viva” a todos nós, — mas particularmente a todos os solteiros e divorciados entre nós.

O “problemático” estado civil da mulher (assim como o seu estatuto religioso, sendo samaritana, ou seja, uma herege) prova que não há nenhum obstáculo para que o Senhor estabeleça uma conversação com ela. Ele sabe “o que” ela é, segundo a sua situação, tal como ela sabe “o que” Ele é (um judeu e um homem), o que, convencionalmente, faria de qualquer conversa entre os dois algo não permitido. Mas o Senhor chama-a para falar com Ele como Ele o faz com ela, como um “dom de Deus” e como um “quem” e não como um “o quê”: “Se conhecesses o dom de Deus”, diz-lhe Ele, “e quem é que te diz…”. E Ele prossegue dizendo a ela, e a todos nós, que “todo aquele” que bebe da Sua água viva “virá”, de fato, a ser nele (ou nela) “fonte de água que jorrará até a vida eterna”. Por isso, esta manhã, não hesito em vir, mais uma vez, pedir-lhe “água viva”, qualquer que seja a minha “situação” aos olhos dos outros. Graças Te dou, Senhor, por ignorares os obstáculos que costumamos levantar, para nós e para os outros, para receber as abundantes “fontes” de graça que Tu sempre tens para oferecer, para todos nós.

Versão brasileira: João Antunes

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