CUIDAI-VOS DOS HOMENS

Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes (φρόνιμοι, sábios) como as serpentes, mas simples (ἀκέραιοι, puros, literalmente, não misturados, não contaminados) como as pombas. Cuidai-vos dos homens. Eles vos levarão aos seus tribunais e sereis açoitados com varas nas suas sinagogas…” (Mateus 10,16s)

Como parte da longa lista de instruções que o Senhor dá aos Seus apóstolos neste décimo capítulo de Mateus, ao enviá-los para a missão deles, Ele os compara (e a nós, membros da Igreja “apostólica”) a três tipos de criaturas: ovelhas, serpentes e pombas. Mais precisamente, Ele diz que eles (já) são “como ovelhas”, ou seja, vulneráveis e bastante indefesos (quando estão sem pastor) em relação aos lobos, enquanto são instruídos “a serem” sábios como serpentes e puros como pombas. Portanto, “como ovelhas” é o que já somos, como aqueles que escolhem pertencer ao Pastor, Jesus Cristo, enquanto “como as serpentes e como as pombas” é o que nos é ordenado que nos tornemos, para que não pereçamos no meio de lobos.

Esta manhã aceito o fato de que sou: 1. Como uma ovelha, pertencente ao único rebanho e ouvindo a voz do Único Pastor, Jesus Cristo (João 10,16), com toda a vulnerabilidade que isso traz; 2. Busco assim ser “sábio/prudente” como uma serpente, adotando a “mente” (νοῦς) de Cristo (1 Coríntios 2,16), que se comparou à serpente que Moisés levantou no deserto (João 3,14); E, finalmente, 3. Abro o meu coração para ser “puro” ou “não contaminado” como uma pomba, como um vaso da graça do Espírito Santo, Que Se nos revelou à semelhança de uma pomba (Lucas 3,22). Isto significa que hoje abro o meu coração à Sua graça, para que as minhas ações e palavras e as minhas percepções e motivações possam estar em harmonia com a Sua vontade, e não “misturadas” ou “contaminadas” com lixo, como o querer agradar a todos, o medo egocêntrico e outras crias do pensamento (φρόνημα) meramente humano, que costumam roubar-me a liberdade que me foi dada por Deus. Daí o Senhor dizer-me para “cuidar-me dos homens…” [ter cuidado com as pessoas]. Graças Te dou, Senhor, pelas dicas que nos dás para a vida, as Tuas sempre-vulneráveis e sempre-gratas ovelhas.

Versão brasileira: João Antunes

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