“[Foi a palavra do Senhor dirigida ao sacerdote Ezequiel:] ‘E tu, filho do homem, escuta o que eu te digo: não sejas rebelde, como essa raça de rebelados. Abre a boca e come o que te vou dar’. Olhei e vi avançando para mim uma mão, que segurava um manuscrito enrolado, que foi desdobrado diante de mim: estava coberto com escrita de um e de outro lado: eram cânticos de luto, de queixumes e de gemidos. ‘Filho do homem’ – falou-me –, ‘come o rolo que aqui está, e, em seguida, vai falar à casa de Israel’. Abri a boca, e ele mo fez engolir. ‘Filho do homem’ – falou-me –, ‘nutre o teu corpo, enche o teu estômago com o rolo que te dou’. Então o comi, e era doce na boca, como o mel.” (Ezequiel 2,8-3,3)
Hoje, enquanto aqueles de nós que seguem o Calendário Juliano Tradicional celebram o Profeta Ezequiel, estou refletindo sobre a difícil vocação dos profetas da verdade, como Ezequiel. Ele foi chamado a transmitir a verdade, muitas vezes impopular, de Deus às pessoas, o que significava “cânticos de luto, de queixumes e de gemidos” para o próprio profeta. No entanto, esta vocação não é apenas nutridora para Ezequiel; é “doce como o mel” em sua boca.
A simples lição que carrego comigo da experiência de Ezequiel é uma lição sobre as nossas próprias vocações/cruzes, que nos nutrem e nos “(pre)enchem”, ao mesmo tempo que implicam também certas tristezas. Mas através da aceitação, a amargura destas tristezas é transformada em doçura, pelo que podemos nem sequer reparar nelas. Assim, a aceitação de nossa cruz traz-nos a paz de Deus. Por outro lado, quando negligenciamos o chamado de Deus e fazemos as nossas próprias coisas, podemos encher-nos a boca de todo o tipo de “mel”, e ainda assim nos sentiremos amargos e não preenchidos por dentro. Graças Te dou, Deus, por nos dignificares com o chamado para partilharmos o Teu Caminho de carregar a cruz. Como é doce ser amado por Ti!
Versão brasileira: João Antunes
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