“A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança. Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido. Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade.” (I Coríntios 13,8-13)
Estou refletindo nesta passagem porque, no Calendário Juliano Tradicional, estamos celebrando o Grande Príncipe Vladimir, Igual-aos-Apóstolos, que é comparado a São Paulo como segue: “Glorioso Vladimir, em tua velhice imitaste o grande apóstolo Paulo: / ele abandonou as coisas de criança, enquanto tu abandonaste a idolatria de tua juventude…” (Kontakion de São Vladimir).
Creio que esta é uma ótima descrição de nossa jornada carregando a cruz: É o processo (às vezes de uma vida inteira) de abandonar os ídolos de nossa juventude, mesmo aqueles tão poderosos como a “ciência” e a “profecia”, geralmente depois que elas nos abandonam repetidamente, e se tornam cada vez mais motivadas pela caridade, junto com a fé e a esperança. São estas três que dão sentido à “ciência” e à “profecia”, e fazem com que valha a pena persegui-las. Na verdade, sem estas três, a “ciência” e a “profecia” seriam insuportáveis.
Assim, ao celebrarmos São Vladimir, que se cansou da “idolatria” de sua juventude e abraçou o Caminho da Cruz, que eu hoje abrace novamente a única coisa necessária, mesmo que eu não a compreenda totalmente. “Amemo-nos uns aos outros, para confessemos em unidade de espírito”. Amén!
Versão brasileira: João Antunes
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