DEUS DEIXA-NOS COMETER OS NOSSOS PRÓPRIOS ERROS

Respondeu-lhes Jesus: ‘É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto.’” (João 12,23s)

Todo o mistério da ressurreição física, através da qual o nosso Senhor “restaurou” ou “redimiu” nossa humanidade decaída, já foi revelado por nosso Criador em Sua criação, na forma como Ele fez crescer plantas a partir de sementes, que precisam de “cair na terra e morrer”, a fim de “produzir muito fruto”. Aprendemos isto no primeiro capítulo da Bíblia, quando Deus diz: “Produza a terra plantas, ervas que contenham semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie e o fruto contenha a sua semente…” (Gênesis 1,11). Deus faz isto especificamente no “terceiro dia” da criação, por isso estas são “as Escrituras” que falam do mistério da ressurreição de Cristo ao terceiro dia, “conforme as Escrituras”, como professamos no Credo.

Será que isto significa que Deus nos “fez” cair (como “sementes”), e escolher a morte, para que pudéssemos receber nova vida, na morte e ressurreição de Seu Filho? Não. Ele criou-nos livres, como Ele, à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1,26). Mas isso significa que Ele, naturalmente, “sabia” que faríamos uma escolha de morte, porque Deus “está” fora do tempo, e “conhece” todos os nossos antes e depois, — mesmo enquanto Ele mantém a nossa dignidade de liberdade. Essa verdade revelada é difícil, melhor dizendo, é impossível, para nós compreendermos, porque só podemos pensar em termos de “tempo”; porque não somos Deus, e não podemos imaginar a Sua divina Auto-limitação, de “conhecer” as consequências das confusões em que nós mesmos nos metemos, e ainda assim não nos intrometermos, de modo a termos um mundo “perfeito”, servindo “a Seu prazer”.

Mas eis o que Deus “fez”: Ele nos revelou, desde o início, a possibilidade de um “sair” de nossa rotina auto-escolhida (de morte), — antes mesmo de a escolhermos, ou de precisarmos de um “sair” dela. Ele incutiu no mundo das plantas o princípio de uma “morte” regenerativa; de uma “morte” (de uma semente) que traz nova vida. Graças Te dou, Deus, por me mostrares sinais da Tua graça, antes mesmo de eu perceber que preciso deles.

Versão brasileira: João Antunes

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