“Por isso, não desanimamos deste ministério que nos foi conferido por misericórdia. Afastamos de nós todo procedimento fingido e vergonhoso. Não andamos com astúcia, nem falsificamos a Palavra de Deus. Pela manifestação da verdade nós nos recomendamos à consciência de todos os homens, diante de Deus. Se o nosso Evangelho ainda estiver encoberto, está encoberto para aqueles que se perdem, para os incrédulos, cujas inteligências o deus deste mundo obcecou a tal ponto que não percebem a luz do Evangelho, onde resplandece a glória de Cristo, que é a imagem de Deus. De fato, não nos pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor. Quanto a nós, consideramo-nos servos vossos por amor de Jesus. Porque Deus que disse: ‘Das trevas brilhe a luz’, é também aquele que fez brilhar a sua luz em nossos corações, para que irradiássemos o conhecimento do esplendor de Deus, que se reflete na face de Cristo.” (II Coríntios 4,1-6)
Não se trata de nós, nos recorda São Paulo, a respeito de todo o empreendimento de compartilhar “a luz do Evangelho, onde resplandece a glória de Cristo” em nosso mundo. Assim, “não desanimamos”, no que diz respeito ao nosso próprio ficar aquém dessa luz, porque “não nos pregamos a nós mesmos” — ou não deveríamos pregar, de qualquer forma. Em sua profunda humildade, o grande apóstolo dos gentios chama seu próprio coração de “trevas”, quando explica que “Deus que disse: ‘Das trevas brilhe a luz’, […] que fez brilhar a sua luz em nossos corações…”.
Portanto, que eu não ofusque “o esplendor de Deus, que se reflete na face de Cristo”, sempre que eu for chamado a compartilhá-lo com os outros, com minhas próprias coisas meramente humanas. Quero dizer, como uma política de identidade baseada em minha origem étnica ou nacional, ou alguma outra preocupação baseada no “eu” e, em última instância, nas preocupações desagregadoras “do deus deste mundo”. Embora eu não possa deixar de ser “eu”, posso deixar meu “eu” ficar em segundo plano para “a luz do evangelho”, quando sou chamado a compartilhá-lo com “outros” sem ser “eu”. Porque não sou chamado a chamá-los para “mim”, mas para “Jesus Cristo, o Senhor”. Que eu deixe “das trevas brilhar a luz” hoje, do fundo do meu coração, para qualquer um que esteja aberto a ela, seja “escravo ou livre”, “homem ou mulher”, “judeu ou grego” (cf. Gálatas 3,28)!
Versão brasileira: João Antunes
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