“Tua natividade, ó Mãe de Deus, / anunciou a alegria ao mundo inteiro; / Pois de ti nasceu o Sol da Justiça, o Cristo nosso Deus, / O qual, abolindo a maldição (λύσας τὴν κατάραν), nos deu a bênção, / e destruindo a morte (καταργήσας τὸν θάνατον), deu-nos a Vida eterna.” (Tropário da festa da Natividade da Santa Mãe de Deus)
O nascimento de uma menina de um casal judeu idoso e até então sem filhos, Joaquim e Ana, há mais de 2.000 anos, numa pequena aldeia chamada Nazaré, “anunciou” a alegria “ao mundo inteiro”. Mas na altura em que isso aconteceu, poucas pessoas ouviram falar disso. Nem aqueles poucos que ouviram falar a respeito, nessa altura, compreenderam o nascimento desta menina, uma “alegria” e uma “bênção” destruindo a morte, que se tornaria a Bendita Entre as Mulheres e Mãe do Nosso Deus.
Ao contrário das “notícias” que quase instantaneamente nos chegam em nosso ciclo de notícias 24/7, as “boas novas” que Deus nos “anunciou” ao longo dos séculos, e continua a anunciar-nos, como a “alegria” do nascimento de nossa inimitável Senhora, a Santíssima Theotokos, são muitas vezes muito mais lentas para chegarem até nós. Por quê? Porque precisamos de estar prontos para as receber; de ter “ouvidos para ouvir”. De fato, mesmo nós, cristãos, que já “ouvimos” muitas vezes sobre o nascimento da Theotokos, podemos não sentir este fato histórico como uma fonte de alegria e bênção. É por isso que a Igreja nos convida de todo o coração a “celebrá-lo”, ano após ano, na grande festa da Natividade da Theotokos, (celebrada hoje no Calendário Juliano Tradicional), — não apenas como mais um fato histórico ou um pouco de “informação” para ser arquivado no banco de dados mental de nosso ensino teológico, não. Somos antes convidados a participar, como uma fonte de alegria e bênção, na celebração litúrgica e sacramental da Igreja. E crescemos, ano após ano, à medida que caminhamos nossas jornadas carregando a cruz, em nossa capacidade de nos abrirmos e recebermos a alegria e bênção da Festa, cada vez mais.
Graças Te dou, Deus, por nos conduzir gradualmente, pela mão de nossa bela Tradição, aos mistérios de Tuas “boas novas”, ano após ano, mesmo quando optamos por nos sobrecarregar com a demasiada informação do nosso ciclo de notícias 24/7, cujas alegrias e tristezas não temos tempo para processar. No entanto, graças à Tradição, posso permitir-me regozijar, e ser abençoado, por apenas um pequeno “factoide” da História da Salvação, o nascimento de Tua Mãe em Nazaré. Pelas intercessões da Santa Mãe de Deus, ó Salvador, salva-nos!
Versão brasileira: João Antunes
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