POR QUE JEJUAMOS?

Eles então lhe disseram: ‘Os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam com frequência e fazem longas orações, mas os teus comem e bebem…’. Jesus respondeu-lhes: ‘Porventura podeis vós obrigar a jejuar os amigos do esposo, enquanto o esposo está com eles? Virão dias em que o esposo lhes será tirado; então jejuarão’. Propôs-lhes também esta comparação: ‘Ninguém rasga um pedaço de roupa nova para remendar uma roupa velha, porque assim estragaria uma roupa nova. Além disso, o remendo novo não assentaria bem na roupa velha. Também ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo arrebentará os odres; e entornará o vinho, e os odres se estragarão; mas o vinho novo deve-se pôr em odres novos, e assim ambos se conservam’.” (Lucas 5,33-38)

O Senhor dá duas razões pelas quais os Apóstolos não jejuavam, como faziam os discípulos de João e os fariseus, enquanto Ele estava “com eles”: 1. Não era o momento apropriado para eles o fazerem, e 2. Eles não estavam prontos para as “novas” formas de piedade, incluindo um “novo” tipo de jejum na Era da Igreja, na “comunhão do Espírito Santo”; do “novo” Consolador, que seria enviado a eles em Pentecostes.

Como é que o nosso tipo de jejum, na Era da Igreja, é “novo”? Ele é intimamente ligado ao nosso “novo” tipo de comer e beber, que é santificado e dignificado, se quiserem, por nosso comer e beber do Corpo e Sangue de Cristo. Não só jejuamos, como também festejamos, como Igreja, “em torno da”, ou focados na, celebração da Eucaristia. É a Eucaristia que é sempre o ponto focal de nossa celebração das festas da Igreja, e é sempre precedida por períodos mais curtos ou mais longos de jejum.

Por que é que a abstinência da, e a participação na, “comida” é uma parte central de nossa “nova” vida na Igreja? Porque foi a nossa “má escolha alimentar” no jardim [do Éden], quando escolhemos procurar “alimento” onde Deus não nos abençoou, que levou à nossa ruptura (Gênesis 3). E este continua a ser o nosso caso, que ficamos despedaçados ao procurar “alimento” nos lugares errados — física, espiritual e intelectualmente. Quer dizer, podemos procurá-lo em junk-food, quantidades prejudiciais de álcool, ou outras drogas; em relações pouco saudáveis; e em fontes nocivas de informação e entretenimento. Através do nosso jejuar e festejar comunitário e físico, a Igreja oferece-nos um instrumento útil, que nos auxilia a orientar-nos também para o jejuar e festejar espiritual, ou seja, para os limites adequados de nossa procura de “alimento”. Porque o físico afeta o espiritual, e vice-versa, como aprendemos se o experimentamos. Glória a Deus por nossa Tradição que nos nutre.

Versão brasileira: João Antunes

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