“Por isso, renunciai à mentira. Fale cada um a seu próximo a verdade, pois somos membros uns dos outros. Mesmo em cólera, não pequeis (ὀργίζεσθε καὶ μὴ ἁμαρτάνετε). Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento. Não deis lugar (τόπον) ao demônio.” (Efésios 4,25ss)
De que tipo de “raiva” São Paulo está falando aqui? Do tipo que não se dirige às pessoas, nem aos outros nem a nós mesmos, mas sim à “mentira”. Este tipo de “raiva” é um dom de Deus e uma ferramenta útil, que posso fazer uso brevemente para “renunciar à mentira”. Mas que eu não deixe que “se ponha o sol” sobre tal raiva, para que não se transforme ela mesma em uma “mentira”, que começará a corroer-me a mim e às minhas relações com os demais.
Que hoje eu use a raiva para derramar a luz de Deus sobre as trevas, em vez de a perpetuar. Que eu não tenha medo de olhar honestamente para as coisas, “renunciando” a qualquer “mentira”, — como a bajulação posando como “serviço para os demais”, ou a luxúria posando como “amor não correspondido”, ou a procrastinação posando como “pesquisa complementar”, ou a inveja posando como “crítica construtiva”. Que eu me afaste destas “mentiras” pouco saudáveis em breve raiva dada por Deus, escolhendo em vez disso a verdade que traz saúde.
Versão brasileira: João Antunes
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