“Servos, obedecei aos vossos senhores temporais, com temor e solicitude, de coração sincero, como a Cristo, não por mera ostentação (κατ᾽ὀφθαλμοδουλίαν, apenas para se mostrar), só para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, que fazem de bom grado a vontade de Deus. Servi com dedicação, como servos do Senhor e não dos homens. E estai certos de que cada um receberá do Senhor a recompensa do bem que tiver feito, quer seja escravo, quer livre. Senhores, procedei também assim com os servos. Deixai as ameaças. E tende em conta que o Senhor está no céu, Senhor tanto deles como vosso, que não faz distinção de pessoas.” (Efésios 6,5-9)
Em vez de apelar à abolição da escravatura, São Paulo aceita-a como um dado, dentro da estrutura social e econômica de seu tempo. Mas ele a rebaixa, ao apontar Quem é o verdadeiro “Senhor que está no céu”, tanto dos servos como dos “senhores temporais” aqui na terra.
A maioria de nós não experimenta a horrível realidade da escravidão, do tipo com que o rebanho de São Paulo lidava diariamente. Mas a maioria de nós tem vários “senhores temporais”, simplesmente porque “tem de servir alguém”, como canta Bob Dylan. Quando os nossos filhos, os nossos pequenos, por exemplo, exigem nossa atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, encontramo-nos bastante “vinculados” às suas necessidades e exigências. Em nossa vida profissional podemos ter um chefe exigente, ou colegas exigentes, e podemos estar constantemente lutando para acompanhar as exigências e expectativas do “mercado”. As nossas outras responsabilidades também nos obrigam a fazer certas coisas que podemos não querer fazer, como pagar certos impostos e certos tipos de seguros de saúde. Inevitavelmente, realmente, nunca somos completamente livres “temporalmente”.
Mas São Paulo convida-me deliberadamente a aceitar as minhas responsabilidades “temporais”, e a cumpri-las “como servo do Senhor”. Hoje aceito as coisas que não posso mudar, na sabedoria de Deus e em Sua paz, para que a minha principal autoridade e foco, mesmo quando estou sujeito a certos “senhores temporais”, seja Deus. “Porque Teu é o reino”, digo-Lhe hoje, “e o poder, e a glória”, e de mais ninguém. Amén!
Versão brasileira: João Antunes
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