“Os anjos, vendo a entrada da Puríssima, admiraram-se de como a Virgem entrou no Santo dos Santos.” (Refrão do Hirmos 9, na Festa da Entrada da Theotokos no Templo)
As “entradas” são importantes em nossa tradição litúrgica, (por exemplo, a Pequena Entrada e Grande Entrada na Divina Liturgia), rodeadas de grande solenidade. Por quê? Porque são momentos “de passagem”; ou seja, representam o aspecto mais crucial e desafiante da vida em geral, e da vida em Cristo mais especificamente — as transições. “Entramos” num dia qualquer, por exemplo, transitando da noite não instantaneamente, mas passando pelo nosso “ritual” matinal (sair da cama, tomar banho, rezar, fazer café, vestir-se, praticar exercícios físicos, etc.). Também “entramos” em comunhão com Cristo, uma e outra vez, não instantaneamente, mas aos poucos, preparando-nos com a ajuda de orações e costumes tradicionais.
A festa que hoje celebramos no Calendário Juliano Tradicional centra-se na “entrada”, a Entrada da Theotokos no Templo. À semelhança das entradas acima mencionadas, a sua “entrada” no “Santo dos Santos” envolve tanto a preparação quanto a passagem. Ela deve ser preparada, no templo, para o momento crucial da História da Salvação, a descida sobre Ela do Espírito Santo e a concepção, n’Ele, do Verbo de Deus. Há muito mais a dizer sobre este tema, sobre como foi assustadora e até potencialmente aterradora esta “passagem”, para a Maria de Nazaré, de três anos de idade, mas esta meditação já está demasiado longa.
Por isso, vou apenas dizer, que a corajosa “entrada” hoje de Nossa Senhora seja uma inspiração e um encorajamento para todas as minhas entradas e outras passagens. Não as temerei, mas as vencerei, pela proteção e orientação da Bendita entre as Mulheres. Amén!
Versão brasileira: João Antunes
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