PORNOGRAFIA NA INTERNET, OS “PÃES ESCONDIDOS”

Uma mulher insensata e atrevida torna-se carente de pão, ela que não conhece vergonha. Sentou-se às portas da sua casa num assento, às claras, na via pública, chamando pelos transeuntes e pelos que estão direitos nos seus caminhos. ‘Aquele de vós que for o mais tolo, que ele se volte para mim, e aos carentes de entendimento eu dou incentivo, dizendo: Tomai agradavelmente pães escondidos e água de roubo doce!’. Ele, porém, não sabe que nascidos da terra junto dela perecem; e depara com um poleiro do Hades. Mas corre! Não fiques neste lugar! Nem fixes nela o teu olho. Pois deste modo passarás por água estranha e atravessarás um rio estranho. Abstém-te de água estranha; e de uma fonte estranha não bebas, para que vivas muito tempo e te sejam acrescentados anos de vida.” (Provérbios 9,13-18, cf. Septuaginta, tradução ao Português por Frederico Lourenço)

Perdoem-me o tópico incômodo. Mas esta passagem de Provérbios faz parte da leitura da nossa Igreja para hoje, a terceira quarta-feira da Quaresma, e lança alguma luz útil, penso eu, sobre os “pães escondidos” e o tormento secreto de muitos hoje em dia, também entre os cristãos, — e isto é, a pornografia na Internet. Ouvi dizer de parte de padres que eles ouvem, em confissão, muito sobre esta questão.

Penso que a passagem acima citada, mesmo que tenha sido escrita há mais de dois milênios e não fale da pornografia moderna da Internet, expõe o seu “pensamento” e espírito repulsivos. As Escrituras dizem-me aqui que isso são “pães escondidos” e “água estranha”. É simultaneamente “pão” e “água”, pelo que satisfaz uma certa fome, e mata uma certa sede. Mas é “água estranha”, bem como “água de roubo doce”, que não é saudável para mim, ou apropriada às minhas necessidades reais. É uma impostora, e uma substituta, para satisfazer os meus desejos e impulsos dados por Deus. De fato, são-me dados, por Deus, desejos também físicos, como a qualquer ser humano, para que eu possa crescer e ser útil ao próximo e a mim mesmo. Assim, para uma pessoa de fé, desejos e impulsos devem ser discernidos e canalizados de acordo com a sua, própria, verdadeira vocação e não de acordo com os caprichos de “uma mulher insensata e atrevida”, como a pornografia na Internet, que simplesmente vem, “carente de pão”, tirar um pedaço de nós. Não sou chamado a desperdiçar a minha vontade com impostores.

Portanto, que eu “não fique neste lugar, nem fixe o meu olho” na “mulher insensata e atrevida”, que é a pornografia na Internet, que quer que eu “me volte para ela” e desperdice os meus desejos e energias, dados por Deus, na sua “fonte estranha”. E se ela me atraiu para partilhar os seus segredinhos sujos, que eu exponha isso na confissão, para que eu não “partilhe” mais com ela. Ó Senhor, hoje entrego as minhas energias e vontade aos Teus cuidados, para que eu possa ser útil a Ti, a mim mesmo e ao próximo, em vez de perder o meu tempo. Amén!

Versão brasileira: João Antunes

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