FICAR SÓ versus DAR MUITO FRUTO

E, chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: ‘Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me. Porque qualquer que quiser salvar a sua vida (τὴν ψυχὴν αὐτοῦ) perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará. Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma? Ou que daria o homem pelo resgate da sua alma?’.” (Marcos 8,34-37)

Isto não faz muito sentido, esta conversa sobre “perder” a minha “vida” para “salvá-la”, — faz? Bem, faz, se bem me lembro que o nosso Senhor distingue entre dois tipos de “vida”: 1. A do tipo que todos nós temos, quer queiramos quer não, apenas por nascer dos nossos pais físicos; e 2. A do tipo que podemos abraçar “se quisermos vir após Ele”, negando uma existência em auto-isolamento fora d’Ele, e juntando-nos a Ele na jornada vivificante da Cruz. “Na verdade, na verdade”, diz Ele noutra ocasião, “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo aborrece [odeia] a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna” (João 12,24s).

Portanto, que eu prossiga agora, tendo venerado a Sua cruz neste ponto médio da Quaresma [para aqueles que seguem o Calendário Juliano Tradicional], para a próxima metade da aventura de carregar a cruz em direção à Pascha. Que eu “perca” um pouco mais, daquilo que não é bom para mim, para que eu possa “dar muito fruto” como Deus quer, à medida que enfrento minhas responsabilidades imediatas na Sua luz e leveza. “Seja feita a Tua vontade” comigo hoje, ó Senhor, que eu não “fique só”, mas “dê muito fruto”.

Versão brasileira: João Antunes

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