“Tem piedade de mim, ó Deus, tem piedade de mim.” (Refrão, Grande Canon)
Esta quarta-feira à noite, nas nossas igrejas, vamos ouvir o “Grande” Canon de Santo André de Creta. Ele contém muitas, muitas palavras: belas lamentações, referências bíblicas, conhecimentos teológicos, etc., que podem ser difíceis de acompanhar. Mas o refrão do Canon, repetido ao longo de todo o ofício, é fácil de acompanhar: “Tem piedade de mim, ó Deus, tem piedade de mim”. Recorda-me a simples oração do publicano na parábola do Fariseu e do Publicano, que “derruba” todas as racionalizações complicadas que nós, tipos intelectuais, como o fariseu, tendemos a levantar entre nós e a misericórdia de Deus, tentando de alguma forma manipulá-l’O apresentando perante Ele o nosso “caso”, ou a nossa ideia dos nossos modos “corretos”, ou perfeitamente “Ortodoxos”, de pensar e de agir.
Hoje, que eu mantenha as coisas simples, e abra o meu coração à misericórdia de Deus. Abandono-me e entrego-me a Ele, aproximando-me d’Ele sem trazer nada comigo, na minha falta de compreensão e todo o demais. Porque Deus completa, onde me falta. “Tem piedade de mim, ó Deus, tem piedade de mim”.
Versão brasileira: João Antunes
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