“As piedosas mulheres apressaram-se para junto de Ti com mirra, ó Cristo. Aquele que elas haviam procurado com lágrimas, como um homem morto, adoraram como o Deus vivo! E proclamaram a Pascha mística aos Teus discípulos.” (Cânon Pascal, Tropário da Ode 7)
As mulheres apressaram-se para chegar ao Sepulcro naquela manhã de domingo, à procura de “um homem morto”. Mas Aquele que encontraram, Aquele que lhes foi revelado, era “o Deus vivo”. Daí a “Pascha mística” (ou seja, a “Páscoa” ou “transição”) que proclamaram aos discípulos não era apenas a transição do Senhor da morte para a vida, mas a própria transição delas, das mulheres, da dedicação meramente humana a “um homem morto” para a fé no “Deus vivo”. Porque o seu amado Mestre era “mais” do que elas haviam reconhecido. Em Sua ressurreição, Jesus Cristo excedeu todas as suas expectativas.
Hoje não me aproximo do “Deus vivo”, meu Senhor ressuscitado, como se Ele fosse “um homem morto”; como alguém a quem apenas presto meus respeitos de alguma forma exterior, e apenas dentro dos limites das nossas amadas igrejas, e cuja Presença vivificante no meu mundo não reconheço bem, para todos os efeitos práticos. Que eu abrace de todo o coração o Grande Fato de que Ele está, verdadeiramente, ressuscitado, e está ali para mim, e vivo para mim, para além das minhas expectativas. “Levanta-Se Deus”, digo esta manhã com as Mulheres Portadoras de Aromas, e “sejam dispersos os Seus inimigos” (Salmo 68,1) do meu coração. Hoje que eu recomece, e adote, uma vez mais, a nova vida no meu Senhor sempre vivo, sempre cheio de vida, reconectando-me com Ele, em vez de “buscar entre os mortos ao que vive” (Lucas 24,5) — entre as expectativas meramente humanas que vêm da minha própria cabeça ou das vozes sem Deus no meu mundo. Ó Cristo, nossa Pascha mística, ajuda-nos hoje, mais uma vez, a passar do túmulo do egocentrismo, com as nossas expectativas muitas vezes sufocantes de nós mesmos e dos outros, para a liberdade da comunhão conTigo, um Senhor para além de todas as nossas expectativas.
Versão brasileira: João Antunes
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