“E perguntou-lhe [a Pedro], pela terceira vez: ‘Simão, filho de João, tu és deveras meu amigo?’. Pedro ficou triste por Jesus lhe ter perguntado, à terceira vez: ‘Tu és deveras meu amigo?’. Mas respondeu-lhe: ‘Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo!’. E Jesus disse-lhe: ‘Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais novo, tu mesmo atavas o cinto e ias para onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te há-de atar o cinto e levar para onde não queres’. E disse isto para indicar o gênero de morte com que ele havia de dar glória a Deus. Depois destas palavras, acrescentou: ‘Segue-me!’.” (João 21,17ss)
À medida que envelhecemos, em Cristo, somos cada vez mais chamados a apascentar os outros; a “apascentar” as Suas “ovelhas”, testemunhando de e para a pequena despensa de experiência e sabedoria que temos acumulado ao longo do Caminho. O nosso chamado/vocação, dado por Deus, para apascentarmos, torna-se mais forte, à medida que envelhecemos, enquanto que — ironicamente, talvez — o nosso desejo meramente humano, à medida que avançamos na idade, é de relaxar e sermos deixados tratando “de nossos assuntos” em nossa aposentadoria. Porque, à medida que crescemos em experiência nas nossas jornadas carregando a cruz, crescemos também na consciência da pequenez da nossa “experiência” e “sabedoria”, de modo que temos um tipo saudável de dúvida sobre a nossa utilidade para os outros. No entanto, Deus começa a usar-nos de formas que “não queremos”, quando somos “velhos” e suficientemente conscientes de nós mesmos para reconhecer as nossas limitações.
Conforme envelhecemos e somos levados a lugares e situações que “não queremos”, que testemunhemos humildemente a nossa esperança, amor e fé em Cristo, da forma pequena ou grande que somos chamados a fazer. “Senhor, Tu sabes tudo”, digo hoje ao nosso Senhor, que conhece as minhas falhas e fraquezas, como conhecia as dos Seus discípulos. “Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo”, e que Te sigo, onde quer que Tu desejas me deixar ser levado, Teu servo imperfeito.
Versão brasileira: João Antunes
© 2021, Ir. Vassa Larin
www.coffeewithsistervassa.com