“SENHOR, põe uma sentinela de guarda à minha boca, defende a porta dos meus lábios.” (Salmo 140/141,3) “Abre, Senhor, os meus lábios, para que a minha boca possa anunciar o Teu louvor.” (Salmo 50/51,17)
É interessante contemplar estes dois versículos dos Salmos um ao lado do outro. Um deles pede ao Senhor para “guardar” a minha boca, enquanto o outro Lhe pede para “abrir” os meus lábios. Claro que, quando os Salmos foram compostos, há mais de dois mil anos, a palavra falada era a única que a maioria das pessoas utilizava. Nessa altura, a maioria das pessoas não tinha recursos para empregar a palavra escrita, nem, obviamente, tinha o teclado ou o telefone para escrever as suas opiniões e pensamentos, como fazemos hoje.
Assim, hoje, quando recito estes versículos dos Salmos, peço que o Senhor guie o meu uso das palavras, não apenas quando as digo em voz alta, mas quando as estou escrevendo no meu teclado ou no meu telefone. Porque hoje, estranhamente, escrevo muito mais palavras do que as digo em voz alta. Estes versículos dos Salmos recordam-me que preciso do auxílio de Deus para discernir quando preciso de partilhar as minhas palavras, e quando preciso de as reter; quando devo clicar em “Enviar”, e quando devo abster-me de o fazer. Hoje que eu recorde de pedir a sabedoria para discernir a diferença.
Versão brasileira: João Antunes
© 2015, Ir. Vassa Larin