ANJOS E DEMÔNIOS

Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: ‘Senhor, até os demônios se sujeitaram a nós, em teu nome!’. Disse-lhes Ele: ‘Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. Olhai que vos dou poder para pisar aos pés serpentes e escorpiões e domínio sobre todo o poderio do inimigo; nada vos poderá causar dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes escritos no Céu’. Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a ação do Espírito Santo e disse: ‘Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos…’.” (Lucas 10,17-21)

Eis um fato libertador: o mal não existe como alguma força objetiva, flutuando como um buraco negro, por si só. O mal só existe dentro de seres vivos, criados, tanto visíveis quanto invisíveis, como resultado da sua livre escolha de rejeitar o bem. Este fato é libertador, porque nos liberta de ver falsamente o mal como algum “poder” que estamos enfrentando. O que enfrentamos é a nossa própria livre escolha de aceitar o bem ou rejeitá-lo. Também podemos optar por sermos influenciados nesta escolha através de outros seres vivos, tanto visíveis quanto invisíveis, que também fizeram esta escolha.

Qualquer conversa sobre anjos ou demônios pode levar “os sábios e os inteligentes” a sorrir, porque isto soa a alguma superstição medieval ou, quiçá, infantil. Como o Senhor diz na passagem acima citada, estas coisas foram de fato “escondidas dos sábios e dos inteligentes”, e “reveladas aos pequeninos”. Note-se que neste contexto o Senhor usa os conceitos de sabedoria e inteligência num sentido sarcástico, porque não é “sábio” e nem “inteligente” ver o mal como algum poder objetivo e independente. É, de fato, o tipo mais assustador de superstição, acreditar no mal com “M” maiúsculo.

Hoje com gratidão recordo-me que não vivo num mundo onde existe um “Mal” com “M” maiúsculo. Vivo num mundo onde só existe um poder superior, a Quem hoje me submeto livremente: “Um só Deus, Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis…”.

Versão brasileira: João Antunes

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