“Cantarei a misericórdia e o juízo: a ti, Senhor… (Ἔλεος καὶ κρίσιν ᾷσομαί σοι, Κύριε. / Милость и суд воспою Тебе, Господи.)” (Salmo 100/101,1)
O nosso Deus é ao mesmo tempo misericordioso e justo. E o Caminho de carregar a cruz no, e através do, qual Ele nos conduz envolve o exercício não só da misericórdia, mas também do juízo. Este último parece quase contra-cultural no nosso tempo, quando parecemos estar coletivamente “cantando” a um deus diferente, que exige de nós apenas que “sejamos bonzinhos”.
Mas por vezes preciso de “não ser bonzinho”, (ou quando olho pela minha janela para uma Viena coberta de neve, “não ser um floco de neve¹”), tanto em relação a qualquer comportamento pouco saudável meu, como em relação ao dos outros. Tal como Nosso Senhor Jesus Cristo “não foi bonzinho” para quem comprava e vendia na “casa” do Seu Pai e os expulsou (João 2,15), por vezes preciso de endurecer e expulsar da minha “casa” quaisquer comportamentos pouco saudáveis, mentalidades, e até mesmo relações, em vez de cair na vitimização. O nosso Deus é um Deus que me dignifica, não só com a Sua abundante misericórdia e “com-paixão” pelas minhas dificuldades, mas também com o Seu juízo, responsabilizando-me pela tomada de decisões responsáveis. Assim, neste Jejum da Natividade ou Advento, que eu endureça e continue a “limpar a casa”, como discípulo da disciplina vivificante que resplandece desde Belém.
Versão brasileira: João Antunes
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¹ Floco de Neve é uma expressão pejorativa usada para caracterizar pessoas de certa geração que são mais propensas a se ofenderem do que as gerações anteriores, sendo emocionalmente muito vulneráveis para lidar com pontos de vista discordantes dos seus.