“Felizes os mansos (πραεῖς, кроткие), porque possuirão a terra.“ (Mateus 5,5)
Aqui está uma palavra que não se ouve com muita frequência: “manso”. O que ela significa? A mansidão é uma atitude dócil mostrada para com os outros seres humanos e para com Deus, quando somos confrontados com ações específicas desses seres humanos ou de Deus. A mansidão envolve aceitação, recusa de julgamento, paciência, humildade, e — especialmente com respeito a Deus — docilidade. Cristo convida-nos a aprender a mansidão com Ele, prometendo-nos paz ou “descanso” para as nossas almas: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito” (Mateus 11,29).
A intrigante promessa de que os mansos “possuirão a terra” está também ligada à promessa de paz. Vemos isto no Salmo 36/37, que o nosso Senhor está citando quando diz que os mansos “possuirão a terra”: “Ainda um pouco, e já não verás o ímpio”, diz este Salmo, “mesmo que o procures, não vais encontrá-lo. Porém, os pobres possuirão a terra e terão felicidade e grande paz” (Salmo 36/37, 10s). No Antigo Testamento, “a terra” seria equiparada com a “terra” prometida de Canaã, que era a manifestação suprema do favor e bênção de Deus ao Seu povo; era a concessão do desejo do coração.
No Novo Testamento também entendemos “possuir a terra” como a manifestação suprema do favor e bênção de Deus, que vem com “felicidade e grande paz”. Isto acontece aos mansos, que experimentam contentamento na vida, assim como uma “grande paz”, independentemente das suas circunstâncias exteriores. Porque eles têm plena aceitação da vontade de Deus para com eles, e têm paz precisamente com as coisas, situações e pessoas que Deus lhes deu. Este é um estado de espírito não garantido por qualquer quantidade de riqueza material, mas sim pela mansidão. Sem a graça da mansidão, mesmo os mais ricos podem viver num estado de infelicidade, como se não tivessem nada, como diz o Senhor noutros lugares: “Pois àquele que tem, será dado; e ao que não tem, mesmo aquilo que tem lhe será tirado” (Marcos 4,25).
Que eu peça a Sua paz e a Sua mansidão, ao mesmo tempo que começo o meu dia com gratidão. “Felizes os mansos”, recorda-me hoje o meu Senhor, “porque possuirão a terra”.
Versão brasileira: João Antunes
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