“Assim vós também: considerai-vos (λογίζεσθε ἑαυτοὺς) mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Portanto, que o pecado não reine mais no vosso corpo mortal, de tal modo que obedeçais às suas paixões.” (Romanos 6,11s)
Bem, é mais fácil falar do que fazer, alguns de nós podem dizer, enquanto descartamos esta passagem para todos os efeitos práticos. Afinal de contas, realmente importa o que nós “nos consideramos” ou que não “nos consideramos”, quando se trata do pecado “reinar em nossos corpos mortais”? Nossa perspectiva ou visão de nós mesmos importa, quando nossos “corpos mortais” nos chamam a “obedecer às suas paixões”?
Sim, a perspectiva realmente importa. As palavras que digo a mim mesmo importa, e tem poder. Porque eu, como ser humano, sou constituído não apenas de “forças” e desejos do meu “corpo mortal”, ou suas irrefletidas “emoções”. Contrariando os pequenos violinos que podem tocar na minha mente e acompanhar o desejo do meu corpo em cometer algum pecado (semelhante a “Eu não posso mais lutar contra esse sentimento!”, para citar uma música bonita e um pouco brega de REO Speedwagon), – digamos, a respeito da comida, do sexo ou simplesmente daquela velha preguiça (como um cochilo desnecessário, ou ficar vendo vídeos no YouTube no meio da tarde), eu tenho o dom divino do discernimento e visão, do que meu chamado ou “vocação” é no momento presente, então eu posso ser útil a mim e aos demais da forma como Deus quer que eu seja. Quando escolho o “pecado” (ou seja, “errar o alvo” ou meu propósito divino, que é a minha vocação), primeiro devo ter decidido, de fato, já decidi, adotar uma visão que não é aquela que Deus tem para mim. Sei que isso soa estoico e talvez excessivamente racional, mas creio que é verdade. Recorda-me um pormenor decepcionante que C.S. Lewis faz sobre o amor humano, um estado muitas vezes acompanhado por pequenos violinos tocando na mente: “Mas amor no sentido cristão não é uma emoção. É um estado não do sentimento, mas da vontade…”
Agora sim, concordarei que não é fácil, todo esse negócio de ter uma perspectiva adequada e correspondente orientação da vontade. Mas posso trabalhar um pouco na minha perspectiva esta manhã, alimentando minha vontade dada por Deus em algum tempo de silêncio e contemplação da palavra de Deus. Não tenho que deixar todos os tipos de “outras” intenções reinarem em meu “corpo mortal”, atirando-me de um lado a outro para algum fim desconhecido. Então hoje vou ser “vivo para Deus em Cristo Jesus”, porque posso ser, em meus passinhos, como de um bebê, em direção a Ele.
Versão brasileira: João Antunes
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