PACIÊNCIA, A VIRTUDE ESQUECIDA

Na vossa paciência possuí (κτήσασθε) as vossas almas.” (Lucas 21, 19)

Sei que refleti sobre esta passagem anteriormente, a respeito da “paciência” (“ὑπο-μονή” que em grego, significa, literalmente, “permanecer/suportar”). Mas esta manhã me deparei com ela novamente e percebi como, uma vez mais, me esqueci completamente sobre esta virtude vital, central, de “permanecer/suportar” e, essencialmente, esperar/perseverar. Às vezes, “você só tem que esperar, você tem que confiar, dar tempo…”, como Phil Collins coloca. É a confiança, ou mais especificamente a fé, que torna possível a paciência, que tem sido chamada de “o poder de esperar”. Na paciência, “esperamos” pelo que Deus nos envia em seguida, por exemplo, a sabedoria do que se deve ou não se deve fazer numa determinada situação.

Hoje serei paciente, tanto nas pequenas quanto nas grandes coisas. Nas “pequenas” coisas, como os pequenos aborrecimentos com as coisas (como quando o computador trava), ou com as pessoas (como quando aquele tio faz algum comentário inapropriado durante o jantar), farei uma pausa por alguns instantes, antes de dizer alguma coisa ou, simplesmente, não dizer nada. Da mesma forma farei com as “grandes”, em nossas vidas pessoais, que podem, em alguns casos, ficarem não resolvidas e ambivalentes por meses ou mesmo anos. O mesmo é válido para nossas situações públicas e políticas, em que alguns “problemas” gritantes persistem, muitas vezes nos deixando malucos.

Mas talvez, estou refletindo hoje, o Senhor esteja me dizendo que estes muitos “problemas” ambivalentes e persistentes são o lugar que Ele me colocou, para que eu possa “possuir/ganhar” minha “alma/salvação”. O que isso significa? Significa viver em Deus, na fé e confiança n’Ele, as vicissitudes da jornada carregando a cruz. Significa “possuir/ganhar” uma sensibilidade para um quadro maior, na invisível, eterna e compassiva fé de Deus em nós. Significa também baixar o tom no que se refere à insensível divisão do meramente-humano. Senhor, ajuda-me a tomar Tua cruz e seguir-Te, em fiel e orante paciência.

Versão brasileira: João Antunes

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