AS COISAS IGNORADAS

É digno e justo, celebrar-Vos, bendizer-Vos, louvar-Vos, dar-Vos graças, adorar-Vos em todo lugar da Vossa dominação. Porque sois o Deus Inefável, Inescrutável, Invisível, Incompreensível, existindo sempre e sempre o mesmo (ἀεὶ ὤν, ὡσαύτως ὤν). Vós, Vosso Filho Unigênito e Vosso Espírito Santo, tiraste-nos do nada para a existência e quando caímos, levantaste-nos de novo e não deixastes de tudo fazer até levar-nos ao céu e dar-nos o Vosso futuro Reino. Nós Vos damos graças, bem como ao Vosso Filho Unigênito e ao Vosso Espírito Santo, por todas estas coisas e por todos os benefícios, conhecidos e ignorados, manifestos e ocultos.” (Prefácio da Oração Eucarística, Divina Liturgia de São João Crisóstomo)

Esta linda oração central de nossa Divina Liturgia recorda-me das muitas coisas que “ignoramos”, não só sobre Deus (“Inefável, Inescrutável, Invisível, Incompreensível”), mas também sobre Sua criação. Em nossa tecnologicamente-esclarecida Era da Informação, podemos tender a encarar o mundo criado, incluindo nós mesmos e nossas vidas, mais como um quebra-cabeça a ser descoberto e consertado, do que como um mistério a ser aceito. Mas nossa Tradição tira muito dessa pressão de nós, essa pressão de descobrir ou de corrigir qualquer ambiguidade que nos confronta, e convida-nos a aceitá-la, em respeito, fé e gratidão.

Hoje que eu não tema as coisas que ignoro ou não compreendo, de meu passado, presente ou futuro, e dê graças a Deus por tudo. Ele é um Deus que não deixa “de tudo fazer” até nos levar onde devemos estar, em Seu Reino. Não sei exatamente como Ele vai tratar disso hoje, mas abro meu coração; abro meu coração à Sua graça e reconecto-me com Ele esta manhã. Graças Te damos, Deus, “por todas estas coisas e por todos os benefícios, conhecidos e ignorados, manifestos e ocultos”, e que ainda estão para ser concedidos a nós.

Versão brasileira: João Antunes

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