NÃO SOMENTE UM BEIJO

Ainda Ele falava, quando apareceu Judas, um dos Doze, e com ele muita gente, com espadas e varapaus, enviada pelos sumos sacerdotes e pelos anciãos do povo. O traidor tinha-lhes dado este sinal: ‘Aquele que eu beijar, é esse mesmo: prendei-o’. Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse: ‘Salve, Mestre!’. E beijou-o. Jesus respondeu-lhe: ‘Amigo, a que vieste?’. Então, avançaram, deitaram as mãos a Jesus e prenderam-no.” (Mateus 26,47-50)

A lição óbvia do infame “beijo de Judas” está em seu significado distorcido. Ainda é um “beijo”, o “sinal” habitual e imediatamente reconhecível de boa vontade e/ou amizade, mas Judas usa o beijo, junto com seu “oi” (“Salve, Mestre!”) como uma “luz verde” para os algozes do meu Senhor. Este é um “beijo da morte”, antes de tudo para o próprio Judas.

Portanto, meus movimentos externos, ações simbólicas/palavras não “garantem” os seus significados habituais. Devo estar ciente de que a intenção do meu coração esteja alinhada com o significado desejado das minhas ações e palavras externas, seja em oração e outras formas de culto, seja na minha convivência com outras pessoas. Caso contrário, — e esta é uma verdade desagradável —, eu posso causar sérios danos a mim mesmo e aos outros. Posso potencialmente cair em uma “falsidade” ou fingimento, perdendo o contato com o estado real do meu coração e deixando de crescer em verdadeira comunhão com Deus e com os demais. É por isso que sou recordado, na Oração Bizantina Antes da Comunhão, “… nem Te darei um beijo como Judas, mas como o bom ladrão, eu Te peço: lembra-Te de mim, Senhor, no Teu reino”.

Hoje, que eu tenha consciência de minhas palavras e ações, que meu “sim” seja “sim” e meu “não” seja “não” (Mateus 5,37). Que eu tenha o cuidado de vigiar meu coração, “limpando a casa” diariamente, com honestidade perante Deus, a mim mesmo, e aos outros.

Versão brasileira: João Antunes

© 2016, Ir. Vassa Larin
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