“Espírito mudo e surdo, ordeno-te: sai do jovem e não voltes a entrar nele.” (Marcos 9,25)
Na passagem do Evangelho lida em nossas igrejas neste 4º Domingo da Quaresma, Nosso Senhor cura o filho de um certo homem que era afligido por “um espírito mudo”, que não apenas tornava o menino surdo e mudo, mas também autodestrutivo, como diz o pai do menino: “e muitas vezes o tem lançado ao fogo e à água, para o matar”. Os discípulos não conseguiram expulsar esse demônio e, quando perguntaram a Jesus por que, Ele disse: “Esta casta de espíritos só pode ser expulsa à força de oração e jejum”.
Veja como podemos nos identificar com essa história. Se nós ou alguém entre nós sofremos de surdez e mudez autodestrutivas, sendo incapazes de falar ou de ouvir as palavras que precisamos falar ou ouvir, parece que estamos aprisionados em algo como um vício. Isso está impedindo toda a comunicação com os demais e levando à autodestruição. A solução é nada além “de oração e jejum”, diz o Senhor. Ou seja, precisamos nos voltar para Deus em “oração”, deixando-O no comando de tudo e pedindo-Lhe que faça por nós o que não podemos fazer por nós mesmos; e precisamos de “jejum”, que é a abstinência de nossa rotina ou padrão de comportamento habituais. O jejum rompe o padrão habitual e nos ajuda a mudar o foco, a entrar em uma vida nova, em novas comunhão e comunidade, onde Deus está no comando. O jejum é um abandono do padrão em que confiávamos antes, que não estava funcionando, que não estava detendo a insanidade.
Graças Te dou, Deus, por esta leitura neste momento de nossa jornada quaresmal. Pergunto-me: Será que caí em uma rotina autodestrutiva, que está prejudicando minha capacidade de falar e de ouvir as palavras que preciso falar e ouvir? Será que a minha rotina de sono, alimentação ou trabalho está prejudicada pelo vício de ficar vendo as notícias no meu celular? Ou algum outro hábito não saudável? Que eu abandone esse padrão e que o Senhor esteja novamente no comando, meu Rei e meu Deus. Ajuda-me a ajudar a mim mesmo e a retornar ao fluxo criativo, e não destrutivo, de Suas energias divinas, para que eu possa ser livre para falar e para ouvir as palavras que preciso falar e ouvir. Feliz domingo de São João Clímaco, queridos amigos!
Versão brasileira: João Antunes
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