JOSÉ, O JUSTO, no Oriente e no Ocidente

Neste domingo após o Natal (Calendário Juliano Revisado), na tradição Ortodoxa/Bizantina celebramos José, o Justo, junto com o Rei Davi e Tiago, o Irmão do Senhor. Fora este domingo, José praticamente não recebe muita “atenção” em nossa tradição, bem diferente da forte devoção a ele na piedade católico-romana moderna. Nunca ouvi falar de algum ortodoxo dando o nome de José ao filho, nem ele foi, até bem recentemente, desde o século XVII, representado em ícones bizantinos de forma separada, além daqueles que retratam eventos dos quais participou, como a Natividade, onde aparece curvado e perplexo com tudo aquilo, a Fuga … Continue lendo...

DIA DE SANTO ESTÊVÃO NO ORIENTE E NO OCIDENTE

O Soberano, ontem, por nós, manifestou-se na carne, e o servo, hoje, despede-se da carne. Ontem, o Rei nasceu na carne; hoje, o servo é apedrejado por causa d’Ele e consumado. O Protomártir e divino Estêvão.
(Kondakion do Protomártir Santo Estevão)

Hoje, no Calendário Litúrgico Bizantino, dois dias após o Natal (Calendário Juliano Revisado), celebramos a festa de Santo Estêvão. Não é um dia após o Natal, como acontece nas tradições cristãs ocidentais. (No Reino Unido, esse dia é conhecido como “Boxing Day”, chamado assim não por causa do esporte, o pugilismo, mas por causa das “caixas” de … Continue lendo...

O HISTÓRICO E O MÍSTICO NO ORIENTE E NO OCIDENTE

E o Verbo fez-se homem
e veio habitar conosco.
E nós contemplamos a sua glória,
a glória que possui como Filho Unigênito do Pai,
cheio de graça e de verdade.
(João 1,14)

Aqui vai uma curiosidade interessante que observei neste ano, tendo assistido pela primeira vez à bela celebração do Natal em Roma. Nas igrejas católico-romanas, o início do Evangelho segundo João (“No princípio existia o Verbo…”) é a leitura do Evangelho para o dia de Natal. Isso é diferente da tradição bizantina, na qual lemos o começo de João não no Natal, mas na Páscoa.… Continue lendo...

FELIZ NATAL

Quando os anjos se afastaram deles em direção ao Céu, os pastores disseram uns aos outros: ‘Vamos a Belém ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer’. Foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura. Depois de terem visto, começaram a divulgar o que lhes tinham dito a respeito daquele menino. Todos os que ouviram se admiravam do que lhes diziam os pastores. Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração.” (Lucas 2,15-19)

Em Belém, este “Menino” imediatamente Se tornou o assunto de toda a … Continue lendo...

A LUZ DO CONHECIMENTO

Teu Nascimento, ó Cristo nosso Deus, fez brilhar no mundo a luz do conhecimento. Nela os adoradores dos astros aprenderam de um astro a adorar-te, Sol de Justiça, e a reconhecer-te como o Oriente vindo do alto. Senhor, glória a Ti!” (Tropário da Natividade)

Vamos refletir juntos, queridos amigos, sobre o tipo pagão de “conhecimento” que levou os Magos a “conhecerem” Cristo. Nós mesmos estamos sobrecarregados, em nossa Era da Informação, com muito “conhecimento”, e de um tipo pesado. Pelas nossas fontes de notícia “sabemos” tantas coisas erradas sobre a nossa sociedade, o nosso … Continue lendo...

«PAZ NA TERRA»?

E subitamente apareceu com o anjo uma multidão da milícia celeste, louvando a Deus e dizendo: ‘Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens, objeto da vontade de Deus (en anthropois evdokias)!’” (Lucas 2,13s)

As palavras finais deste louvor angélico, revelado aos pastores por ocasião do nascimento de Cristo, costumam ser traduzidas de maneira imprecisa, por exemplo, como “paz na terra aos homens”. Deixando de lado o aspecto relacionado ao gênero dessa tradução em português, o problema maior é que ela distorce o que os anjos estão dizendo sobre … Continue lendo...

PREPARA-TE, Ó BELÉM!

Prepara-te, Ó Belém, pois o Éden foi aberto a todos! Adorna-te, Ó Efrata, pois a árvore da vida floresce da Virgem na gruta! Seu ventre é um paraíso espiritual plantado com o Fruto Divino: se comermos dele, viveremos para sempre e não morreremos como Adão. Cristo está chegando para restaurar a imagem que Ele fez no início!” (Tropário da Pré-Festa da Natividade)

Todos os anos, quando começa a Pré-Festa da Natividade (20 de dezembro no Calendário Juliano Revisado, ou 2 de janeiro no Calendário Juliano Tradicional) e eu ouço estas palavras, “Prepara-te, ó Belém… Adorna-te, ó Efrata…Continue lendo...

A ALEGRIA REQUER FÉ

Não venerastes uma imagem feita por mãos humanas, mas revestindo-se da couraça da essência não escrita, ó três vezes bem-aventurados, fostes glorificados na arena do fogo. E, permanecendo no meio da chama insuportável, invocastes a Deus, dizendo: ‘Apressa-Te, ó Misericordioso, e vem, como Clemente que és, em nosso auxílio, pois podes, se assim o desejares! (яко можеши хотяй)’.” (Kondakion dos Antepassados do Senhor)

Hoje, nas Igrejas Ortodoxas (Calendário Juliano Revisado), celebramos o Domingo dos Antepassados do Senhor, ou todos os ancestrais do Salvador que viveram com fiel expectativa de Sua vinda (com especial atenção aos 3 Santos Jovens na … Continue lendo...

AÇÃO DE GRAÇAS pela LIBERDADE

“Glória a Deus por tudo (especialmente pelas dores).” — São João Crisóstomo

As últimas palavras de São João Crisóstomo aparecem em alguns relatos com essa parte final, que coloquei entre parênteses acima: especialmente as dores. Neste Dia de Ação de Graças, gostaria também de agradecer a Deus pelos aspectos difíceis da vida, pelas dores. Todas elas vêm — permita-me aqui uma reflexão filosófica — da liberdade que Deus nos concedeu. Por isso, este ano, agradeço a Deus por esse desafio simultaneamente árduo e digno: a liberdade.

Fomos criados com dois tipos de liberdade, ambos limitados: uma é dada; a … Continue lendo...

A VIDA COMO «PEREGRINAÇÃO»

Tenho refletido sobre peregrinação, porque estou dando um seminário na Academia Teológica Ortodoxa de Kyiv sobre a peregrinação de “Egeria” (no ano 381–384) a Jerusalém.

E aqui vai uma curiosidade interessante para quem gostar do tema: as palavras eslavas para “peregrinação” — palom-nitstvo em ucraniano e palom-nichestvo em russo — vêm do latim palma, que significa “palma da mão”. Inicialmente, a palavra referia-se apenas à mão, mas acabou transferida para a árvore, por causa da semelhança entre as folhas e a palma da mão.

Um “peregrino” (palom-nitsa, palom-nik) que ia aos lugares santos de Jerusalém era visto como … Continue lendo...