A SEMANA SANTA

Eis que o Noivo está chegando no meio da noite, e abençoado é o servo que Ele achará desperto e observando, indigno é o outro que Ele achará sendo preguiçoso. Portanto, cuidado, ó alma minha, não seja dominado pelo sono, para que não seja entregue à morte e seja excluído do Reino. Mas chegue aos seus sentidos e grite em voz alta: Santo, Santo, Santo és Tu, nosso Deus…” (Grande Tropário, de Segunda a Quarta-feira Santa)

O leitmotiv dos três primeiros dias desta Santa e Grande Semana é vigilância. Ou seja, somos chamados a ser como as … Continue lendo...

O «FAÇA-SE» DA THEOTOKOS

Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria… Maria disse, então: ‘Eis a serva do Senhor, faça-se em mim (γένοιτό μοι, genoito moi) segundo a tua palavra’. E o anjo retirou-se de junto dela.” (Lucas 1,26s.38)

Ao celebrarmos, segundo o Calendário Juliano Tradicional, a Anunciação nesta segunda-feira, que chamamos de “o prelúdio de nossa Salvação” no hino principal da festa, estou meditando sobre o “faça-se” … Continue lendo...

PACIFICADORES NA PRÁTICA E NÃO APENAS NA TEORIA

Felizes os pacificadores (εἰρηνοποιοί, literalmente “criadores de paz”), porque serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5,9)

Não confundamos falar sobre paz com “fazer” ou “criar” paz. Essa última exige empenho, ação, e não apenas palavras. Quando vemos o atual governo dos EUA afirmar repetidamente que está buscando a paz na Ucrânia, enquanto a Rússia aumentou em 50% seus ataques com drones contra civis ucranianos desde 20 de janeiro, matando também muitas crianças nos últimos dias, sem nenhuma condenação por parte do presidente dos EUA, que, por outro lado, culpou repetidamente a vítima, chamando o presidente Zelensky de … Continue lendo...

O QUE DEVEMOS FAZER

Quando as palavras perdem o seu significado, as pessoas perdem a sua liberdade.” (Autor desconhecido, mas atribuído a Confúcio)

“O que devemos fazer?” é uma pergunta que muitos de nós temos feito ao acompanhar as notícias muitas vezes inquietantes, que se resumem principalmente às palavras que saem de uma boca específica. Essas palavras costumam ser perturbadoras ou totalmente chocantes, mas frequentemente acabam não significando nada ou o oposto de seu significado habitual. Por exemplo, o “Dia da Libertação” significou a escalada de uma guerra comercial com os aliados mais próximos dos EUA (refiro-me aos aliados mais próximos tradicionaisContinue lendo...

ORAÇÃO E JEJUM

Espírito mudo e surdo, ordeno-te: sai do jovem e não voltes a entrar nele.” (Marcos 9,25)

Na passagem do Evangelho lida em nossas igrejas neste 4º Domingo da Quaresma, Nosso Senhor cura o filho de um certo homem que era afligido por “um espírito mudo”, que não apenas tornava o menino surdo e mudo, mas também autodestrutivo, como diz o pai do menino: “e muitas vezes o tem lançado ao fogo e à água, para o matar”. Os discípulos não conseguiram expulsar esse demônio e, quando perguntaram a Jesus por que, Ele disse: “Esta Continue lendo...

O GRANDE PARADOXO

Na verdade, quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, há-de salvá-la.” (Marcos 8,35)

É preciso que eu perca certas coisas e até mesmo certas pessoas, inclusive o meu “eu”, para receber a “salvação”. Esta é uma verdade difícil de compreender, mas você poderia pensar da seguinte forma: Você recebe, quando você dá. Ou: Se você ama a pessoa, você deve (às vezes) deixá-la ir.

O que é “salvação”? É tudo. É a plenitude, ou o retorno à plenitude, depois de ter sido fragmentado pelos … Continue lendo...

ÍCONES E «ORTODOXIA»

Ontem, celebramos o Domingo da Ortodoxia, que comemora o triunfo da doutrina do 7º Concílio Ecumênico sobre a veneração de ícones, depois de um longo período de luta contra a “iconoclastia” (um ataque ou combate às santas imagens), que voltou a se manifestar depois desse Concílio. Por que a veneração de ícones é inerente à *ortodoxia* cristã? Porque os ícones nos lembram de quem e o que é normal para nossa fé e vida, para que não nos esqueçamos. É fácil esquecer, especialmente em nossos tempos conturbados, quando o anormal parece estar triunfando sobre o normal cristão nas mais altas … Continue lendo...

EXÍLIO

Este domingo, imediatamente anterior ao início da Quaresma, recorda o Exílio do Paraíso, convidando-nos a participar do “Lamento de Adão” sobre um Paraíso Perdido. Como e por que devemos nos identificar com todo o tema do Exílio, que é um leitmotiv da Grande Quaresma? Note que esse também é o tema principal do Salmo 136/137, “Junto aos rios da Babilônia…”, cantado em nossas igrejas nos últimos três domingos, portanto, há algo muito importante sobre o Exílio que devemos reconhecer como parte de nossa história humana (ou humano-divina), ao entrarmos no Lamento voluntário e coletivo do período da … Continue lendo...

O JUÍZO FINAL NÃO É INDIVIDUAL

Aqui estão algumas reflexões, meus queridos amigos, sobre a provocante leitura do Evangelho de hoje sobre o Juízo Final, Mateus 25,31-46. É provocante, porque aqui Nosso Senhor descreve o Juízo Final de uma nova maneira; não da maneira como foi imaginado anteriormente na tradição bíblica, e não da maneira como muitos de nós estamos acostumados a pensar sobre ele.

Em primeiro lugar, ele será coletivo e não individual. O Juiz, chamado aqui de “Filho do Homem” (lembre-se disso), não estará chamando cada um de nós diretamente à atenção, por assim dizer, para nos perguntar ou nos repreender por … Continue lendo...

A ALEGRIA DE NOSSO PAI

Este ano, ao relermos e redescobrirmos a Parábola do Filho Pródigo, fico impressionada com o fato de Nosso Senhor estar tentando converter tanto os “obedientes” quanto os “desobedientes” entre nós, de nossa visão geralmente distorcida de Nosso Pai do céu. A questão é que, como disse minha amiga Nadia Kizenko em seu recente sermão sobre essa parábola, “Deus quer que sejamos felizes”.

O filho mais novo e desobediente sente inquietação na casa de Seu pai; pede ao pai sua parte da herança (como se o pai tivesse morrido), parte para fazer o que bem entende, acaba passando necessidades e sofrimentos, … Continue lendo...